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Morro do Castelo | Viagem ao Passado

O Morro do Castelo é um dos locais e sítios históricos do Rio onde não mais é possível fazer uma visita, viagem ou passeio in loco, pois de longa data não mais existe. Mas a imaginação nos convida a uma tour mágica, baseada em livros e grávuras de época.

A Transformação do Relevo e Topografia da Cidade

O Rio de Janeiro é uma cidade que já passou por inúmeras transformações produzidas pelo homem, com relação ao seu relevo, uso e expansão do solo, fazendo uso da Engenharia para transforma-la de acordo com as mais corretas concepções urbanisticas em cada tempo destas transformações. Inúmeros aterros foram feitos, e alguns grande Morros foram arrasados, para duplo ganho de espaço, obtendo-se uma explanada ou planície no local outrora ocupado pelo morro, e também ganhando áreas sobre o mar ou lagoas, áreas estas aterradas com o material proveniente do arrasamento dos morros.

Em função destas transformações, o Morro do Castelo não mais existe, e assim como o Morro do Senado, Morro de Santo Antônio e alguns outros, desapareceram dos mapas e da topografia da Cidade do Rio de Janeiro, dando espaço à esplanadas e tendo sido transformados em aterros.

Morro do Castelo por volta de 1820

A Viagem aos Primórdios da Cidade

Uma viagem no tempo, nos levará ao Morro do Castelo, diretamente ligado ao início da colonização Portuguesa no Rio de Janeiro, onde existiram as primeiras construções após o fim da guerra com os franceses invasores. Após a fundação da cidade por Estácio de Sá em 1º de Março de 1565, estabelecendo-se no Morro Cara de Cão, a luta pela retomada de posse da terra durou dois anos. Após a reconsquista do território, Mem de Sá, tio de Estácio escolheu o Morro do Castelo como local dos assentamentos definitivos.

Origem do Nome Castelo

Inicialmente o morro foi chamado de Morro do Descanso, referênciando o merecido local de descanso após a vitória definitiva e reconquista da terra. Pouco depois passou a ser chamado de São Januário, mas o nome Castelo deriva da construção da primeira fortaleza murada da cidade em no topo do morro, nome este que perdurou ao longo de quatro séculos, e uma vez que o morro não mais existe, o nome Castelo continua a existir, denominando a "Esplanada do Castelo", no local onde um dia existiu o morro que testemunhou os primeiros passos da cidade.

O Início da Ocupação do Rio de Janeiro

No ano de 1567, o Governador-Geral Mem de Sá, que havia retornado por um tempo para Rio com muitos reforços, para comandar pessoalmente as operações de guerra que resultou na grande ofensiva que derrotou finalmente os franceses, decidiu transferir a "Vila Velha" ou base de morada e operações militares de Estácio de Sá, que ficava no Morro Cara de Cão para o Morro do Castelo.

Abaixo, através de foto de uma maquete do Morro do Castelo, podemos ter uma idéia de sua aparência no início da colonização.

Morro do Castelo | Século 16 e 17

Veja com mais textos e detalhes, as primeiras construções e os antigos caminhos do Morro do Castelo, que são descritos na página seguinte desta sequência sobre o assunto

Foi uma decisão muito bem feita para a época, no intuito de fazer assentamentos definitivos e pensando na defesa do território e da nova cidade, naquele tempo ainda um povoado. Certamente não existiria um local melhor, pois em função de sua posição estratégica se prestava à defesa do povoado alí situado, alem do morro oferecer uma vista ampla, de onde era possivel ver e vigiar a entrada da Baía de Guanabara, assim como observar suas áreas e recantos internos mais distantes.

No local foram erguidos as mais importantes edificações para defesa, administração e para dar início à uma nova cidade. Estes históricos edifícios, de construção robusta e forte, de pedra, telha e tijolo, resistiram ao tempo, três a quatro séculos, e chegaram até o início do século 20. Somente não resistiram à fúria implacável e demolidora das idéias de progresso do ínicio do século 20.

O Morro do Castelo, em seus primeiros anos de ocupação era um local fortificado para resistir à qualquer tentativa de revide por parte dos franceses e seus aliados, os tupinambás, vulgarmente chamados de tamoios.

Entretanto, a vida no local não girava apenas em torno da defesa. Uma cidade e uma nova civilização se desenvolvia. O missionário jesuita, Fernão Cardim, que chegou ao Brasil em 1583, escreveu muitos relatos em cartas e tratados, a maioria entre 1583 e 1601. Abaixo um pequeno trecho onde Fernão Cardim descreve seu testemunho sobre vida no Morro do Castelo, trecho este cuja fonto vem do livro "História da Companhia de Jesus no Brasil — Vol. I - págs. 412 e 413, de autoria de Padre Serafim Leite.

"junto do Colégio havia uma cerca que é coisa formosa; tem muito mais laranjeiras que as duas cercas de Évora, com um tanque e fonte; mas não se bebe dela por a água ser salobre; muitos marmeleiros, romeiras, limeiras, limoeiros e outras frutas da terra. Também tem uma vinha, que dá boas uvas; os melões se dão no refeitório quase meio ano, e são finos, nem faltam couves mercianas bem duras, alfaces, rabão e outros géneros de hortaliça de Portugal, em abundância; o refeitório é bem provido do necessário; a vaca na bondade e gordura se parece com a de Entre-Douro e Minho; o pescado é vário e muito, são para ver as pescarias de sexta-feira".


Veja mais sobre o Morro de Castelo:

Planta do Morro do Castelo

Caminhos e Construções

Morro Castelo no Séc. 19

Arrazamento do Morro do Castelo

Tesouro do Jesuítas

Planta do Morro do Castelo em 1906

Referências

  • Livros diversos sobre a história e iconografia do Rio de Janeiro para dar suporte à criação desta e demais páginas sobre o Morro do Castelo.