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Desapropriações das Fazendas | História da Floresta da Tijuca - Parte 4

Continuação da História da Floresta da Tijuca tendo por base os escritos de Raimundo O. Castro Maia, ex-Administrador do Parque, mas aqui com acréscimo de comentários, gravuras históricas e fotos de locais citados feitas por mim, criador destas páginas.

Construção de nova ponte em 1862

No local, de frente à Cascatinha Taunay, já existia uma ponte pequena e menor como comprovam grávuras anteriores à 1862. Neste ano, o Visconde de Taunay, filho de Félix E. Taunay, Barão de Taunay assinala a construção de nova ponte.

Nas memórias de seu filho, Visconde de Taunay, há referências ao sítio, uma das quais merece ser citada: em 1862 a família ali permaneceu algum tempo, enquanto o seu chefe e Job Justino de Alcântara encarregavam-se de obras para o governo;, uma delas foi a ponte em frente à Cascatinha, que hoje tem o nome de seu construtor.

Obscuridade e Desmatamento

Desaparecidos os artistas da Missão, a zona do Rio Cachoeira entrou em nova fase de plácida obscuridade. Certo é, porém, que os proprietários dos sítios continuavam auferindo bons proveitos das suas lavouras, principalmente do café. Ora, é de todos conhecido o ciclo desta cultura no nosso país: após a derrubada, um período de exploração intensiva das terras, sua exaustão e o êxodo dos plantadores para terras virgens, ficando para trás as extensões desnudadas, em que a macega e o pasto medram raquiticamente nas encostas onde outrora se alteavam os troncos soberbos da floresta. Assim se deu em Vassouras e no norte de São Paulo e o mesmo haveria de caber também à Tijuca, não ocorresse providencial e fortuita intervenção do Poder Público, interessado em resolver problemas surgidos longe dali.

Problemas de Abastecimento de Àguas na Cidade Levaram à Desapropriação das Terras

Ponte de 1862 em frente à Cascatinha Taunay

Ponte Job de Alcântara, de 1862 em frente à Cascatinha Taunay.

Visconde do Bom Retiro

Quando surgiu a idéia do replantio da Floresta, muitos titulares do Império, políticos e pessoas importantes tinham propriedades no local, entre eles o Conde de Bonfim, o Barão de Mauá, o Barão de Itamaraty, o Doutor Cocharane e até o Barão do Bom Retiro, político e ministro que comandou o processo de desapropriação das terras.

A idéia da desapropriação e replantio para preservar os mananciais e clima, era também impulsionada pela ideia vigente e convincente de também criar áreas de lazer no local.

O paisagismo se encontrava em sua época de apogeu, quando em Paris foi remodelado um grande parque, o Bosque de Bolonha, na Inglaterra surgiram muitos novos parques e em Nova York foi criado o Central Park.

Acima, do lado esquerdo, o Ministro do Império, Visconde do Bom Retiro, integrante do Gabinete Paraná, que em 1857 esteve à frente do processo de desapropriação das terras da Floresta da Tijuca. Antes de receber o título de Visconde, ele já havia sido deputado e seu nome é Luís Pedreira do Couto Ferraz.

O texto em "itálico" são os relatos de Castro Maya.

É que o rápido crescimento da cidade em torno do palácio imperial de São Cristóvão impelira a autoridade a aplicar medidas de urbanização, entre as quais prevalecia e era inadiável o abastecimento de água. Os mananciais preexistentes, captados nas encostas de Santa Teresa e do Corcovado, mal davam para a alimentação de chafarizes públicos (Carioca e Marrecas). Dentre os cursos de água passíveis de utilização avultava o Rio Cachoeira, cuja posição permitia fácil suprimento do líquido após pequenas obras de regularização.

E assim, por volta de 1857, sendo Ministro do Império do Gabinete Paraná o Deputado Luís Pedreira do Couto Ferraz (futuro Barão e Visconde do Bom Retiro) baixou-se ato desapropriando as propriedades existentes na bacia daquele rio, a fim de ser afastada a poluição das suas águas.

Desapropriados, entre outros, foram os sítios "Caveira" e "Floresta" ou "Midosi". O curso do rio foi parcialmente desviado em baixo do salto Taunay e dirigido para leste, despejando suas águas em reservatório situado no meio da serra.

Ficou assim muito reduzido o primitivo Cachoeira, que hoje recebe apenas as sobras da Cascatinha e alguns veios de água que o encontram no lugar denominado Cachoeira. A Cascata Grande da Tijuca, sita abaixo das Furnas de Agassiz, só lembra o antigo salto quando ocorrem períodos de fortes aguaceiros.


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Referências

  • A Floresta da Tijuca, de Raymundo Ottoni de Castro Maya (Autor dos textos em "itálico").
  • Comentários baseados em diversos livros sobre o Rio de Janeiro.