O Colégio dos Jesuítas foi o primeiro Colégio instalado na cidade do Rio de Janeiro, tendo tido especial importância na educação do povo, formação da nação e participado de muitos episódios importantes.
A história do colégio começou quando Mem de Sá, então Governador Geral do Brasil, decidiu em 1567, remover a então sede da recem fundada Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para o Morro do Descanso ou Morro do Castelo. Inicialmente, os primeiros assentamentos haviam sido feitos no que hoje chamamos de Vila Velha no Morro Cara de Cão, onde seu sobrinho Estácio de Sá fundou a Cidade.
Uma vez que, finalizada a guerra contra os invasores, e estabelecido em definitivo o local onde a cidade deveria florescer e prosperar, os Jesuítas solicitaram ao então 3º Governador Geral do Brasil que lhes cedesse um local no Morro do Castelo para construir sua morada, para 50 congregados.
Os Jesuítas Manoel de Nóbrega, Anchieta e Gonçalo de Oliveira tiveram papel importante na guerra contra os invasores e nada lhes seria negado. O Padre Gonçalo era procurador da Companhia de Jeusus.
Os Jesuítas já haviam ganho uma grande sesmaria, cujos limites se estendiam do Catumbí (Rio Iguaçu) até Inhaúma, onde estabeleceram grandes fazendas de gado e engenhos de cana de açucar.
A Construção
Para a construção de um edifício de pedra e cal, contaram com o trabalho e ajuda de índios catequizados e de escravos que possuiam. O edifício quando pronto, tinha 4 pavimentos e era grande para os padrões da época, e até para os padrões de hoje.
Entre a ajuda e contribuições, contaram com Infante D. Sebastião e o Cardeal D. Henrique, além dos donativos dos novos moradores, já que a religião católica era predominante e única na então emergente cidade e também colônia.
Segundo escritos do século 16, de Fernão Cardim, o prédio era forte, amplo e confortável. O refeitório era grande e podia ser comparado à um refeitório da congregação em Coimbra, escreveu ele admirado.
A construção do Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro pode ser creditada como obra do Padre Manuel de Nóbrega, por ter sido o Reitor que incansavelmente concretizou a substituição das primeiras acomodações feitas em taipa, realizando um trabalho continuo e persistente.
O Padre Anchieta relata em escritos de 1585 que os cúbilos do Colégio foram feitos de 12 em 12 assobradados e forrados com madeira de cedro. Ainda segundo ele, a Igreja era pequena e velha, e as oficinas, embora bem acomodadas, estavam muito velhas.
Entre os grandes nomes que habitaram o Colégio estão Manuel de Nóbrega, Anchieta e o Padre Simão de Vasconcelos, biógrafo de Anchieta.
O elevador
Para facilitar a construção quanto ao transporte de pedras e cal que na época ainda vinha de Portugal, e também para transporte de carga durante o uso do Colégio, os Jesuitas construiram um elevador na encosta do Morro do Castelo voltado para o lado da praia que seguia em direção à atual Praça XV. O elevador subia do Beco do Guindaste que existiu até o arrasamento do Morro do Castelo. Este beco, que obviamente tem este nome por causa do elevador, era transversal à Rua da Misericórdia, praticamente desaparecida.
Como era o Colégio e sua importância no desenvolvimento da Cidade
O Colégio que foi demolido juntamente com o Morro do Castelo em 1922 durante a gestão do Prefeito Calos Sampaio, segundo registros, abrigava em 1750 um total de 97 padres, além de noviços, sacristães, empregados servições e escravos.
Nos dias de hoje é de se espantar que padres jesuitas pudessem ter escravos, mas sim, eles tinham e muitos, inclusive espalhados por suas fazendas e engenhos.
O Colégio dos Jesuítas ou dos Inacianos teve suma importância na educação desde a infância até a juventude de grande parte da população de então, e portanto desempenharam um importante papel na formação da nação brasileira.
Durante a tentativa de invasão do Rio de Janeiro comandada pelo corsário e comandante frances Jean-François Duclerc em 1710, os alunos do pátio do Colégio tiveram importância na resistência e luta contra as tropa invasora, que foi finalmente derrotada em combates travados até Rua Direita, atual 1º de Março.
Em 1711 uma invasão comandada pelo corsário e almirante francês Renee DuGuay Trouin, finaciado em parte pelo por Luiz XIV, Rei da França, causou inúmeros prejuizos à cidade que foi saqueada e teve que pagar resgate, após pouco resitência inicial oferecida pelo então Governador do Rio, Francisco de Castro Morais. Segundo os historiadores, os Jesuítas, assim como o Governador vieram a colaborar com o invasor após a rápida rendição. Este governador, em decorrência de sua leniência e colaboracionismo foi posteriormente punido com exílio.
O fim do Colégio dos Jesuítas e outros usos da edificação
Por volta de Setembro de 1750, o Primeiro Ministro de Portugal, Marquês de Pombal decidiu expulsar os Jesuítas de Portugal e de todas as suas colônias, quando então todos os bens foram confiscados.
No Rio de Janeiro, o cumprimento da ordem da Coroa foi feito pelo Governador Gomes Freire de Andrada, Conde de Bobadela, usando-se de habilidade.
Posteriormente, o Colégio passou a servir de palácio à D. António Rolim de Moura e mais tarde passou a abrigar a Escola de Medicina.
Outro uso posterior foi dado à edificação quando passou a abrigar o Hospital Militar, e em um anexo e dependência abrigou também o Observatório Astronômico do Rio de Janeiro.
Referencias e Fontes: