Folia e Festa do Divino
Nesta página uma descrição da festa do Divino nos tempos de D.João VI e D.Pedro I no Rio de Janeiro.
Os comentários são do e criador desta página, e os textos em itálico e as imagens de época são de Debret.
Folia do Imperador do Espírito Santo no Rio de Janeiro
Nas palavras abaixo, Jean Baptiste Debret descreve como era a Festa do Divino no Rio de Janeiro, no início do século XIX.
Chama-se no Rio de Janeiro folia do Imperador do Espírito Santo, um grupo de jovens folgazões, tocadores de violão, de pandeiros e de ferrinhos precedidos de um tambor.
O grupo alegre escolta um porta bandeira, cujo chapéu ricamente enfeitado de flores e de fitas se assemelha ao dos demais membros mais modestos da bandinha. Percorrem os rapazes as ruas da cidade cantando quadrinhas ajustadas ao motivo religioso para os fiéis que sustentam o trono do Imperador do Espírito Santo (menino de oito a doze anos). Este por sua vez os segue gravemente a alguns passos de distância, dando a mão a um dos dois irmãos da confraria, que o acompanham.
É durante a semana anterior à festa de Petencostes que se realiza essa coleta aparatosa, destinada a estimular a generosidade dos fiéis caridosos.
Traje do menino que representa o Imperador do Espírito Santo
Nas festas do Divino, tanto em tempos passados como nos dias de hoje, um menino é o principal destaque da festa. Nas palavras abaixo, é descrito o traje do menino que representa o Imperador do Espírito Santo.
O pequeno imperador veste a casaca vermelha, calção da mesma cor e colete branco bordado a cores. Usa chapéu armado e de plumas debaixo do braço, espada à cinta, meias de seda branca, sapatos de fivela de ouro; tem a cabeça empoada e carrega uma sacola. Usa como condecoração um crachá e, pendente do pescoço, uma espécie de custódia dourada no centro da qual destaca-se uma pomba prateada. Vários irmãos pedintes precedem e seguem o cortejo.
Festa do Divino e Episódio Curioso na primeira metade do Século 19
O desenho aquarelado que representa a folia do Divino presenciada por Debret no início do século 19 no Rio de Janeiro, apresenta também o início de um episódio de certo modo curioso e ao mesmo tempo cômico.
Debret descreve a luta do porta-bandeira contra um macaco que puxava a bandeira e tentava arrancar-la do mastro.
Apresentei aqui apenas o prelúdio de uma luta que me foi dado observar certa vez entre o porta-bandeira e um macaco; este puxava com força o pano do estandarte, enquanto seu adversário resistia com vantagem graças à sua lança. O combate burlesco, embora deslocado na festa religiosa, não empanou em absoluto o êxito da coleta.
A gruvura ao lado, que mostra a "Folia do Divino", onde em primeiro plano aparece o porta-bandeira, com chapeu enfeitado, junto com o grupo munido de tambores, violão e triangulo de metal, quando caminham tocando e cantando. Do lado direito da cena, também em primeiro plano, vemos um irmão da confraria com uma sacola de coleta recebendo donativos. E mais ao fundo, e ao centro da cena, vemos o menino que representa o Imperador caminhando, tendo dois membros adultos da confraria ao seu lado, e dando a mão à um deles.
Onde Ver a Festa do Divino nos Dias de Hoje
Existem cidades que preservam esta tradição, e uma delas é Paraty no sul do Estado do Rio de Janeiro. A festa existe também em cidades do Estado de Minas Gerais, Maranhão, São Paulo e Goias entre outras. A Festa do Divino de Pirenópolis, faz parte do calendário turistico da cidade e atrai muitos visitantes.
Referências
- Comentários do autor desta página.
- Relatos em "itálico" e ilustrações de Jean Baptiste Debret, do Livro Viagem Pitoresca ao Brasil, de 1830, traduzido por S. Millet.