Casa França Brasil
Antiga Praça de Comércio, Alfândega e Tribunal de Júri
A Casa França Brasil é uma construção neoclássica de 1822, praticamente inalterada, atualmente utilizada para eventos, exposições e mostras culturais. Espaços interiores amplos e flexíveis, garantiraram a diversidade de uso ao longo de dois séculos.
O Que Ver e Fazer na Casa França Brasil
Em termos de acervo ou atração histórica, é o próprio edifício que chama a atenção, tendo sido uma das construções que deu início ao estilo Neoclássico no Brasil.
Trata-se de um prédio inaugurado em 1820 para sediar a primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro. Muito pouco durou o que era então uma espécie de Bolsa de Valores da época naquele local. Decorridos quatro anos, passou a sediar a Alfândega até 1944. Como última utilização antes de tornar-se um centro ou espaço cultural, foi também sede do II Tribunal do Jurí, entre 1956 e 1978.
Em 1982 Darcy Ribeiro, vice-governador do Rio de Janeiro teve a ideia de transformar a construção tombada pelo Departamento do Patrimônio Histórico em 1938 em centro cultural, que concretizou-se somente muitos anos depois, tendo sido inaugurado em 1990. Embora a construção seja antiga, a flexibilidade dos espaços interiores permitem o uso contemporâneo para mostras e eventos com grande sucesso.
Ao lado de uma das fachadas, existe um bar café ou bistrô, que é chamado de espaço gastronômico, um terraço com piso um pouco elevado e modernizado, sem interferir danosamente à construção principal. Neste espaço agradável, existe um busto do arquiteto autor do projeto do edifício, Grandjean de Montigny, chamado de patrono da arquitetura no Brasil e introdutor do estilo e metodologia neoclássica em projetos no Brasil.
Existe também uma sala de leitura em uma das quatro sala laterais do edifício.
Histórico do Local e Relevância da Arquitetura do Edifício
O edifício que atualmente abriga a Casa França Brasil, foi projetado por Grandjean de Montigny, arquiteto, professor e co-fundador da Academia Real de Belas Artes ( Atual Escola de Belas Artes da UFRJ, que foi subdividade em Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da também UFRJ). Grandjean de Montigny veio morar no Brasil juntamente com os demais integrantes da chamada "Missão Francesa" à convite do Conde da Barca, Ministro de D. João VI para fundar uma Academia de Belas Artes nos moldes da existente na França.
Este edifício, juntamente com sua residência construída na Gávea (atualmente um centro cultural administrado pela PUC-RJ ou Pontifícia Universidade Católica), é o que resta das obras projetadas pelo arquiteto.
Muitos consideram o edifício um "marco" da arquitetura nacional, por ter sido um dos primeiros edifícios neoclássicos do país e pelo partido tomado pelo arquiteto, criando um pavilhão talvez inspirado, pelo menos em planta na idéia da Vila Rotonda de Palladio embora a função fosse diferente e distruição dos espaços internos também diferentes. Entrentanto a busca da simetria dos acessos e das fachadas evidência a alusão ao edifícações classicas. Afinal, Grandjean é considerado o introdutor do neoclassicismo no Brasil.
A destinação inicial do edifício que foi inaugurado em 1820 era abrigar a primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro ou "Bolsa de Valores" daquela época, embora tenha sido utilizado para tal fim por apenas quatro anos.
O edifício em termos arquitetônicos, é também inspirado nas antigas basílicas cívicas romanas, ou centros para reuniões cívicas, foruns e centros de comércio, um programa arquitetônico (ou tipo de construção) muito utilizada pelos Romanos na antiguidade.
Grandjean projetou um edifício abobadado, tendo uma cúpula central com iluminação zenital (vindo do topo), formando um grande espaço ou uma praça interna, ladeada de grandes colunas dóricas e tendo salas subalternas nos quatro cantos do edifício.
O edifício encontra-se praticamente inalterado com relação às suas formas e caracteristicas plasticas desde a época de sua inauguração como pode ser percebido ao comparar os interiores com perspectiva da época do proejeto e construção.
Pode-se entender que, o que dá personalidade ao edifício é a simplicidade da planta, associada ao valores clássicos e alusões romanas que dão grandiosidade e nobreza aos grandes vãos interiores.
O exterior, aparenta ser um pouco "desengonçado" ou não elegante, contrariando os objetivos do neoclassicismo em termos de resultado, embora certamente Grandjean se utilizasse dos principios rigorosos do neoclassicismo quanto à geometria de composição. Entretanto, esta aparência externa de "Trapiche Palladiano", ou seja, uma construção um tanto severa mas talvez inspirada também na Villa Rotonda, pelo menos pela minha ótica, ou seja, de quem escreve e edita esta página, torna o edifício bastante interessante. Em adição, eu diria também que, o exterior do edifício não confere muita grandiosidade, não passando à quem entra no edifício a mesma sensação de quem está em seu interior.
Segundo um livro consultado, a construção é vista como tendo um exterior despretencioso, e é dito que, o exterior sofreu pequenas alterações logo depois da inaugurção, como incremento na inclinação do telhado e transformação das janelas laterais em óculos.
Enfim, trata-se da obra de um grande Arquiteto, que criou um espaço flexível à praticamente duzentos anos atrás, e que serviu para diferentes usos, e nos dias de hoje é objeto de estudo e analíses por suas formas e seu partido. E continua a ser útil e emocionar quem visita seu interior.
Talvez o que mais seja interessante neste projeto é a surpresa. A expectativa quando vista do exterior é diferente da emoção que se sente ao adentrar o espaço interior.
Referências e Fontes de Consulta
- Relato de visita ao local, com textos e fotos do autor deste website assim como de colaboradores.
- Consulta a livros sobre a história e iconografia do Rio de Janeiro