Em página anterior, vimos sobre as origens do nome da área conhecida como Mangue e Aterrado durante o Século 19, e nesta página, falo sobre a construção de um canal no local que ficou conhecido como Canal do Mangue, no local e bairro hoje conhecido como Cidade Nova.
Veja como seria a área do mangue ou Manguezal de São Diogo como prolongamento do Saco de São Cristóvão, em uma reconstituição da topografia do Rio em 1500.
Voltando à primeira metade do Século 19, foi no ano de 1835, quando então o Governo Imperial decidiu que aquela ampla superfície alagada deveria ser saneada, reduzindo à um estreito canal que pudesse receber as águas de chuva e também dos riachos que lá desaguavam.
Entretanto, o plano somente se concretizou me 1857, quando o empresário Irineu Evangelista de Souza, que viria a ser titular do Império como Barão e Visconde de Mauá conseguiu uma consessão para construir sob regime de administração o tão sonhado canal. O canal deveria chegar até a Praça 11, permitindo inclusive navegação de pequenas balsas para transporte de mercadorias.
O início das obras e lançamento da pedra fundamental se deu em 21 de Janeiro do mesmo ano, e após 3 anos o Canal do Mangue foi inaugurado, no dia 7 de Setembro de 1860. As obras estiveram a cargo do engenheiro inglês Wilham Gilbert Gmty.
O Canal se extendia da Ponte do Aterrado (ou dos Marinheiros) até a Praça 11 ou antigo Rossio Pequeno. A ponte dos Marinheiros situa-se no local onde está o chamado "Viaduto dos Marinheiros", à frente do encontro da Av. Presidente Vargas com Francisco Bicalho.
O Canal do Mangue somente teve as obras completadas no ano de 1876, quando então foi feito o assentamento de gradil de ferro e arborização das vias marginais com plantação de 700 palmeiras.
Uma comporta junto à Ponte dos Marinheiros também foi inaugurada neste mesmo ano, provavelmente para evitar problema com maré alta.
Prolongamento do Canal do Mangue rumo ao mar entre 1902 e 1906
Durante o mandato de 4 anos do Presidente Rodrigues Alves, o Rio, então capital federal, passou por grandes transformações, tempo também do Prefeito Pereira Passos que se incumbia também de várias obras a nível municipal.
O grande plano de obras para construção dos Cais do então Novo Porto do Rio, fez com que o Canal do Mangue fosse prolongado agora sobre aterros até a mar, passando ao centro da Av. Francisco Bicalho.
Estes novos aterros situam-se onde existiu o "Saco de São Cristóvão" que chegava até onde é aproximadamente a junção da Av. Francisco Bicalho com Presidente Vargas, tedo por um lado os alagadiços das praias de São Cristóvão (Praias dos Lázaros e Paia Formosa) e o Morro de São Diogo do outro lado.
Esta foi uma das grandes obras de engenharia do início do Século 20, tendo à sua frente Lauro Miller, então Ministro da Viação.
Esta grande obra por um lado acabou um pitoresco cenário natural de rara beleza, mudando a topografia da cidade e de parte da Baía de Guanabara.
Por outro lado saneou e acrescentou uma enorme área urbanizável à cidade, pondo fim à constantes enchentes e inundações provocadas pelas vazões do Rio Comprido, Trapicheiro, Maracanã e Joana, que hoje desaguam naquele canal.
Referencias e Fontes: