A Av. Beira Mar foi uma das grandes obras de modernização, juntamente com a Av. Central e obras do Novo Porto do Rio, planejadas e executadas no Rio de Janeiro, então capital federal, durante o governo de 4 anos do Presidente Rodrigues Alves e a gestão do Prefeito Pereira Passos.
A obra teve um primeiro trecho inaugurado 3 dias antes do final do mandato de Rodrigues alves, em 12 de Novembro de 1906, mas as obras continuaram em 1907.
Neste época algumas obras estiveram sob o comando direto do Governo Federal e outras sob a administração Pereira Passos, sendo a Av. Beira Mar uma delas. As obras foram iniciadas em janeiro de 1906 e completamente finalizadas em Outubro de 1907, durando quase 2 anos sob o comando do engenheiro Mário Roxo.
A Av. Beira-Mar ao ser inaugurada, media em toda a sua extensão aproximadamente 3.900 metros contando com a "Avenida da Ligação" (atual Av. Oswaldo Cruz) entre o Morro da Viúva e a Praia de Botafogo.
Para a sua construção foi feito um "cais" que a circunda, contando com 8 fiadas de cantaria (ou trabalho em pedras). As pedras empregadas tinham mais de 4 toneladas. O cais assentado sobre enrocamento (blocos de rocha) tinham parapeito em cantaria.
Primeiro trecho inaugurado
O parte da avenida inaugurada em novembro de 1906 tinha aproximadamente quase 3 quilômetros. Este trecho da Av. Beira Mar partia da Av. Central (atual Rio Branco) onde existe um obelisco, dando continuidade até Botafogo.
Novos aterros em 1922 em decorrência do desmonte do Morro do Castelo
O desmonte do Morro do Castelo em 1922, deu origem a um aterro posterior da antiga Enseada da Glória, de todo o Boqueirão (área de frente à Lapa e Passeio Público) até o Calabouço (ponta de terra que entrava no mar onde é o Museu Histórico Nacional). Estes aterros permitiram a construção da Praça Paris, e além de alargar ainda mais as pistas já sobre aterro diante do Passeio Público. Deve-se lembrar que, o mar chegava até o antigo terraço do Passeio Público, onde existe uma grade que o cerca.
Surgimento da Av Rui Barbosa contornando o Morro da Viúva
Ainda em 1922, durante a administração do Prefeito Carlos Sampaio, e integrando as obras comemorativas do Centenário da Independência do Brasil aliado à realização de um feira mundial para comemorar a data, outra obra foi realizada.
A Av. Rui Barbosa foi criada em torno do Morro da Viúva, em prolongamento contornando o litoral. Esta avenida é uma opção à Av. Oswaldo cruz, visando atingir Botafogo e dando continuidade de forma mais veloz e com maior capacidade de tráfego para os que se dirigem também aos demais bairros da zona sul, como Copacabana, Ipanema e Leblon.
Avenida Beira Mar em toda a sua extensão, media 5.200 metros e muitas praias aterradas
Quando completada, a Avenida que contornava a orla, vinha desde a Antiga Praia de Santa Luzia. A praia de Santa Luzia existia entre a Cinelândia e até um pouco adiante da Igreja de Santa Luzia, igreja ainda existente na Rua Santa Luzia esquina com Av. Presidente Antônio Carlos. Toda a área diante da Igreja foi aterrada com o desmonte do Morro do Castelo em 1922 e a Av. Presidente Antônio Carlos passou a existir na esplanda onde existiu o Morro do Castelo.
Vindo da Praia de Santa Luzia, passando em frente à Cinelândia (antiga Praia da Ajuda), Praia do Boqueirão (em frente ao Passeio Público), Lapa, Glória, Russel e Flamengo, até chegar a Botafogo. Todas estas praias foram aterradas para construção da avenida toda amurada do lado do mar e com quebra-mar. Uma exceção foi uma estreita faixa de areia que continuou a existir no Flamego, permitindo o banho de mar.
Se Avenida Beira Mar fosse medida do Obelisco da Cinelândia ao Pavilhão Mourisco (restaurante desaparecido em Botafogo), incluindo as pistas em Botafogo e Av. Oswaldo Cruz, a sua extensão contava 5.200 metros
Posteriormente, grandes e novos aterros foram feitos, no final dos anos de 1950 e primeira metade de 1960, quando ocorreu desmantelamento quase total do Morro de Santo Antônio, e foram feitas as obras do Aterro do Flamengo.
Com as obras realizadas em Botafogo para ampliação de pista e abertura da Avenida das Nações Unidas, aliadas às obras do aterro do Flamengo com suas grandiosas e amplas pista de alto tráfego, a Av. Beira Mar deixou de ser "estrela" e perdeu sua grandiosidade diante do volume dos aterros e seus imensos jardins.
Entretanto, para quem tem memória, ou se interessa pela história, a Av. Beira Mar foi um marco da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal.
Futuro e Passado
Todas estas grandes obras tiveram seu lado bom e ruim. Somente em um tempo futuro, quando olharmos para trás, e passada a euforia do que era considerado progresso no Século 20 e ainda nos tempos atuais, saberemos se realmente estavamos em um caminho certo e sustentável.
Estas iniciativas que agradaram a tantos, ligando diferentes pontos da cidade, para torna-la metrôpole às custas da destruição do meio ambiente e tornando bairros vias de passagem, teriam sido válidas? Ou seria melhor uma opção de urbanismo descentralizado e celular, com cada bairro funcionando como uma pequena cidade independende?
Isto só o futuro dirá. A Avenida Beira Mar e Aterro do Flamengo ainda assim foram soluções de bom gosto e de menor impacto visual e de degradação das áreas circundantes, se comparadas com soluções horríveis para integrar partes da cidade como o vidaduto da perimetral e os demais vidutos que cortam a cidade, como o Paulo de Frontim no Rio Comprido.
Enfim, aqui nesta página, mais um registro e pesquisa, sobre uma obra que foi uma grande estrela em seu tempo.
Referencias e Fontes: