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Fatos, História e Lendas de Paquetá

Paqueta em 1881- pintura de Facchinetti

Acima, pintura de uma enseada em paqueta feita no ano de 1881. Muitas pessoas ouviram falar da Ilha de Paqueta por causa do romance "A Moreninha", escrito no século 19 e transformado em filmes e novelas de TV.

Mas a Ilha é um dos bairros mais antigos da cidade do Rio de Janeiro, com muitos fatos reais e interessantes, mas existem também muitos mitos e lendas acerca da ilha.

O que é verdade e o que é fantasia?

A história de Paquetá é rica e interessante. Entretanto, existem também lendas e mitos que que tornam a Ilha ainda mais atrativa. Muitas estórias fantasiosas surgiram por associações de fatos, e outras foram criadas por mentes fantasiosas, caindo no gosto popular e ajudando a popularizar e atrair turistas para a Ilha no século 20.

A verdadedeira história de Paquetá

A história da ocupação da Ilha de Paquetá começou no mesmo ano de fundação da Cidade do Rio de Janeiro, em 1565, quando então foi doada sob a forma de sesmarias.

Estácio de Sá colocou o marco da pedra de fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1565, numa estreita praia entre o Morro Cara de Cão e e o Pão de Açucar, local que hoje faz parte da Fortaleza de São João. Dois anos se seguiram com ferozes lutas contra os invasores Franceses e seus aliados, os Tamoios. Os Franceses aportaram no local em 1555 numa expedição comandada por Villegaignon com o intuito de fundar a França Antartica. Uma vez que os franceses estivessem derrotados, Estácio de Sá transferiu o assentamento inicial da antiga Villa Velha para o Morro do Castelo.

Entretanto, logo após fundar a cidade, ainda na Villa Velha, Estácio de Sá, no uso de seus poderes, concedeu numerosas sesmarias na baía de Guanabara e em regiões que ainda estavam controladas pelos invasores. Foram concedidas mais de 20 sesmarias, sendo a primeira aos Jesuitas.

Principais Lendas e Mitos de Paquetá

Entre as lendas e mitos acerca de Paquetá, existem três que se destacam especialmente, e que estão enumeradas à seguir, e descritas e exploradas com mais detalhes em outras páginas deste website.

A primeira lenda é razoável, em função de muitas associações com alguns locais da Ilha, e trata-se da crendice que o romance em livro chamado "A Moreninha", grande sucesso da metade do século 19 seria uma narrativa de uma estória real ocorrida na Ilha.

Outra grande lenda ou quem sabe verdade, é a crença que a famosa Pedra da Moreninha que situa-se na ilha, sendo um de seus belos pontos turísticos, seria o local real onde a moça e figura central do romance subia para ver de longe a chegado de seu amado.

A terceira estória construída, com intuito de homenagear os índios Tamoios, é a crendice que estes habitavam a Ilha de Paquetá, e moravam rente à praia que hoje leva o nome de Praia dos Tamoios. O nome Tamoios é inclusive uma nomeação incorreta dada aos Tupinambás, índios rivais do Termininós, sendo que ambos eram os habitantes primitivos das terras da Baía de Guanabara mas certamente nunca moraram em Paquetá.

Ilha de Paquetá foi doada como Sesmaria em 1565

Em 10 de Setembro, mesmo ano de fundação da cidade, a Ilha de Paquetá foi concedida como recompensa à dois companheiros de Estácio de Sá, que tomaram parte com ele na luta contra os Franceses.

Cada um dos companheiros, receberam metade da Ilha. Embora a terra tivesse sido doada, em prática ela não foi imediatamente ocupada, pois as terras do interior da Baía de Guanabara somente foram dominadas dois anos depois, quando vieram reforços contando com a presença e comando do Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, tio de Estácio de Sá, reforços estes que permitiram derrotar os invasores e aliados.

Estas concessões, implicam no fato de saber que, Estácio de Sá tinha conhecimento da Ilha e mapa da Baia de Guanabara e terras adjascentes, conhecimento este proveniente de expedições anteriores que já haviam aqui aportado de passagem, como a de Gonçalo Coelho e Martim Afonso de Souza. Existem mais indícios menos precisos de outros navegadores Portugueses no Rio de Janeiro antes da tentativa de assentamento de Villegaignon. Veja também sobre os primitivos habitantes e primeiros colonizadores da Baía de Guanabara.

Semarias, era uma espécie de gleba ou porção de terras para plantio concedida à um donatário, que ao tomar posse se comprometia a torna-las produtivas, processo este que foi adotado para a colonização do Brasil àquela época.

Placa em esquina de Paqueta indica a divisa das duas antigas sesmariasLimite das antigas sesmarias de Paqueta - Mapa

Placa em esquina de Paqueta indica a divisa das duas antigas sesmarias, a do lado Norte de Inácio Bulhões e do lado Sul de Fernão Valdez. A placa é recente, mas seus inscritos anotam a data de concessão das sesmarias, em 10 de Setembro de 1565. O mapa da Ilha de Paqueta, mostrado do lado esquerdo, mostra o local da divisa entre as duas antigas concessõe de terras que dividiam a Ilha em duas partes, a Norte voltada para o lado antiga Fazenda e Poço de São Roque e a Sul, do lado da Estação das Barcas. No local da divisa, nos dias de hoje existe a Ladeira do Vicente que faz esquina com a Praia dos Tamoios.

Nos Tempos do Brasil Colônia

Após a concessão das duas sesmarias, segundo o escritor Vivaldo Coracy, pouco se tem registro da história da ilha, sobre como foi o povoamento e sobre como a ilha teria sido desmembrada, através de sucessões, vendas ou doações.

No ano de 1697 foi erguida a capela de São Roque, e assim na segunda metade do século XVII aparece um fato histórico registrado e importante após a concessão das sesmarias.

O fato é que em certa altura do tempo, a ilha era dividida em várias chácaras. Muitas das casas dos donos das chácaras se encontram preservadas. Os diversos estilos das mesmas são reminescências vivas e testemunhos da ocupação da ilha desde os tempos coloniais. Durante este período colonial, a beleza e atrativos da Ilha de Paquetá a tornaram um local de visitação para famílias nobres.

Paquetá após a chegada da Famíla Real ao Brasil

Solar Del ReyDevído as guerras na Europa, Dom João VI não tinha outra saída senão transferir a capital do Reino Português para o Brasil, já que seria impossivel resistir à invasão de Napoleão. Dom João VI aportou no Brasil em 1808, se estabelecendo no Rio de Janeiro. Durante o tempo em que morou no Brasil, visitou algumas vezes a Ilha, chamando-a de Ilha dos Amores, e hospedou-se num casarão que nos dias de hoje é chamado Solar Del Rei.

Diz-se que uma festa tradicional da Ilha, chamada festa de São Roque contava com a presença do Rei. Na praia dos Tamoios, existe um canhão que era usado para saudar a chegada do Rei.

A Era das Caieiras de Paquetá

Segundo relata Vivaldo Coracy em seu livro sobre Paqueta (citando referências no livro), a primeira atividade relativa à indústria química do Brasil teria sido a fabricação de Cal, elmento usado na construção de edificações, para dar solidez à alvenária, nas construções de fortificações, igrejas, conventos, armazens, etc.

Nos tempos coloniais, para a produção de cal eram necessários elementos como mariscos à beira mar usados como matéria prima e lenha para combustível. E assim, perto das villas dos tempos coloniais sugiam também os fornos para produção de cal.

A ilha de Paquetá foi um dos principais locais de produção de cal para o Brasil colonial, devido à ser um local com abundância de conchas, principalmente por ser cercada de muitas ilhotas. Em função desta situação, os mexilhões e ostras se multiplicam com facilidade, aumentando o suprimento

Na Ilha de Paquetá, havia também solo fertil e matas densas, mas à beira-mar existia grandes mangues, vegetação própria para lenha, vegetação esta de reprodução ou reposição espontânea. Este tipo de vegetação propiciavam um grande suprimento de combustível.

No início da colonização do Rio, a cidade crescia, vindo dos assentamentos do antigo Morro do Castelo. Novas construções eram erguidas dia a dia, e existia uma grande demanda de cal. E Paquetá, coloda ao Rio tinha as condições propícias a suprir tal demanda. Deste modo, sugiu a primeira industria da Ilha. E por uns 300 anos a industria de cal se manteve na Ilha, utilizando material local ou buscados nas imediações quando necessário.

Com o tempo, a matéria prima poderia ter-se esgotado, e além disto o surgimento de novos e mais eficientes processos de fabricação cal podem ter permitido o surgimento de industrias mais modernas que antigas lá instaladas. A utilização de rochas calcáreas para o fabrico do cal, passou a não exigir também a necessidade de fábricas de cal junto ao mar.

A lenha também pode ter ficado escassa na ilha, pois esta era principalmente retirada dos mangues que abundavam e circundavam a ilha de Paqueta. Estes mangues foram extintos, e hoje praticamente não se vê vestígios dos mesmos, em função de terem sido consumidos como lenha.

A Matas Primitivas

A matas primitivas que revestiam a ilha, ainda segundo Vivaldo Coracy, escritor que foi morador da Ilha, as matas primitivas foram derrubadas nos tempos coloniais para lavoura e como subproduto desta atividade, em termos de aproveitamento, as árvores derrubadas também serviam como lenha para fornos e fogões de residências e assim como para os fornos da industria caieira, embora a principal fonte de lenha viesse dos mangues que cercavam a ilha.

Deste modo, deve-se saber que a vegetação da ilha que chegou ao século 20 e século 21 é provavelmente e majoritariamente de replantio. E quanto à aparência da orla da ilha, certamente é diferente devido ao fim dos manguezais.

Paquetá por volta de 1880 - pintura de Facchinetti

Acima, uma praia e um cais de Paquetá, pintado por volta de 1880.


Referencias e Fontes:

  • Relato de visitas do autor desta página ao local com fotos do próprio autor.
  • Diversos livros sobre a história e iconografia da Cidade do Rio de Janeiro e Paquetá para dar suporte à criação desta página.