Baía de Guanabara, Habitantes Primitivos e Colonizadores
Inicialmente um cenário encantado, com belíssimas montanhas de rocha, enconstas verdes e praias paradisiacas.
Mas ao pisar nas terras que a circundavam encontraram os primeiros exploradores muitos mangues e lagoas entre as altas montanhas, que de início dificultaram a escolha do local para se tornar o primeiro ponto de colonização. Os habitantes primitivos eram Índios do ramo Tupí.
Os Habitantes Primitivos e Origem do Nome
Tamoios (Tupinambás) e Termininós (Maracajás) foram os habitantes primitivos das terras que circundavam a baía. A parte ocidental (oeste) e mais voltada para o interior era por eles chamada de Guanabara e a parte do lado oriental e também a sua entrada era também chamdada pelos indíos de Niteroí. Tantos os Termininós como os Tupinambás, eram tribos do tronco Tupí, tribos estas que habitavam a região litorânea ou costa do sudeste do Brasil no século 16.
Na foto acima Baía de Guanabara | Clique sobre para ampliar
Embora fossem tribos e nações inimigas, os Termininós e Tupinambás vinham da mesma cultura geral das outras tribos tupis, como lingua muito similar, costumes e crenças semelhantes, conhecimento de agricultura para subsistência baseada na queimada da terra, e rituais canibalisticos. Os Termininós habitavem primitivamente a Ilha do Governador de onde foram expulsos pelos rivais. O apelido de Maracajás dado aos Termininós pelos rivais Tupinambás era pejorativo e diminutivo, e significava gato do mato.
Na métade do século 16, com a chegada da Expedição de Villeganon e consequente invasão do então território Português, os Tupinambás se tornaram aliados do Franceses. Na verdade os Franceses haviam conquistado a simpatía dos Tupinambás, que a princípio, em tempos anteriores eram considerados bastante hostis aos Portuguêses.
Com a chegada de Estácio de Sá, e consequente Fundação da Cidade do Rio de Janeiro e a luta pela reconquista da terra, os Termininós lutaram bravamente aos lado dos Portugueses, tendo sido esta participação decisiva para a vitória dos Portugueses. Após a vitória, ao guerreiro e grande Cacique dos Termininós, conhecido como Araribóa, que já era convertido ao Cristianismo, como reconhecimento e gratidão lhe foram dadas as terras que hoje são a Cidade de Niteroi. Além da união, por motivos de segurança os Portugueses tinham interesse na permanência de Arariboia na terras da Baía de Guanabara.
A imagem do lado direito, é uma maquete de nau portuguesa, típica do século 17. Semelhante à usada por Pedro Álvares Cabral quando esteve em Porto Seguro e semelhante à de Gaspar Lemos, Gonçalo Coelho e demais navegantes envolvidos em expedições de exploração e documentação da costa brasileira, quando passaram pelo Rio de Janeiro entre os anos de 1501 e 1503.
Acima, do lado esquerdo uma foto do livro do missionário reformador francês Jean Lery que esteve no Brasil e passou algum tempo com os Tupinambás, e escreveu o livro "Viagem à Terra do Brasil", publicado em 1578. Na verdade ele esteve no Rio de Janeiro durante a ocupação de Nicolas Durand de Villegagnon, que se incumbiu de fundar nas terras brasileiras, então pertencentes à Portugal, uma colônia Francesa com o nome de França Antártica. A ilustração do livro mostra um nativo e primitivo habitante das terras da Baía de Guanabara.
Os Primeiros Navegantes Portugueses | 1502
O primeiro navegante a chegar às aguas da Guanabara, foi Gaspar Lemos que havia vindo ao Brasil em 1500 comandando uma das naves da frota de Pedro Alváres Cabral. Após a chegada em 1500 voltou a Portugal com uma carta comunicando a descoberta. Em 1501, partiu novamente de Portugal em viagem exploratória ao Brasil, juntamente com Américo Vespúcio. Navegou pela costa brasileira, documentando e nomeando as descobertas. Chegou à Baia de Guanabara em primeiro de Janeiro 1502, e pensando tratar-se da foz de um enorme Rio, chamou o local de "Rio de Janeiro".
Provavelmente esta bela baía cercada de montanhas, não foi escolhida pelos Portugueses para os primeiros assentamentos, devido ao território adverso com muitas lagoas e talvez às altas temperaturas nas partes mais baixas e enconstadas no mar. Provavelmente, por este motivo, quando Martim Afonso de Souza, em 1534 recebeu uma capitania hereditária no início do processo de colonização, este preferiu estabelecer assentamentos mais para o Sul, na costa do Estado de São Paulo, São Vicente. Deste modo a Baía de Guanabara era parte da Capitania doada à Martim Afonso.
Assim os Portuguese que aqui estiveram nos primeiros anos da colonização do Brasil, foram os navegantes que fizeram viagens exploratórias, e também os que ancoravam suas naves para fazer abastecimento de água potável, na foz do Rio Carioca, no local onde ficava a original Praia do Flamengo. O local era chamado Aguada dos Marinheiros, e abastecia os navios que seguiam viagem rumo à São Vicente ou em direção ao Rio da Prata.
A Primeira Construção na Baía
Certamente as primeiras construções na Baía de Guanabara foram feitas pelos índios que aqui habitavam. Entretanto, em se tratando de construção feito pelo assim chamado "homem civilizado", indícios apontam no sentido de que a primeira construção em alvenaria foi uma casa construída na Praia do Flamengo.
Apesar não mais existirem evidências arqueológicas, sabe-se através da citação de antigos documentos Portugueses, que existiu uma casa chamada "Casa de Pedra", sobre a qual não se sabe com precisão de sua localização. Entretanto tudo leva a crer que ficava na Praia do Flamengo, próxima à foz do Rio Carioca.
Esta construção foi citada em documentos de concessão de sesmarias, quando da fundação da cidade. Especula-se que a tal "Casa de Pedra" tenha sido erguida por Gonçalo Coelho, navegador português que chefiou uma das primeiras expedições ao Brasil, em 1503, após o seu descobrimento. Portanto esta casa teria sido construída muito antes da Expedição e Invasão Francesa comandada por Villeganon em 1555 e consequentemente muito antes da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá em 1565.
A casa também foi citada pelo missionário reformador francês, Jean de Lery, que inclusive residiu nesta casa que já existia no local. Lery esteve na Guanabara no tempo da invasão de Villegaignon, e teve contato amistoso como os Tupinambás.
Para sustentar a hipótese da "Casa de Pedra" construída por alguns dos primeiros exploradores Portugueses, existe a outra hipótese que atribui o nome de Carioca ao Rio Carioca em decorrencia da "Casa de Pedra".
Representação Pictórica dos Primitivos Habitantes do Brasil na Guanabara
Abaixo algumas gravuras da métdade do século 16, onde aparecem os primitivos habitantes das terras brasileiras, mais especificamente os nativos da Baía da Guanabara. A fotografia de um diorama também é mostrada abaixo.
A maquete ou diorama mostrada na foto ao lado exemplifica a cultura indígina ao tempo de suas primeiras relações com o chamado "homem civilizado", à época do descobrimento do Brasil (1500) ou pouco depois, ainda no século 16.
Observe que os indíos construiam "tabas" de madeira com sistema de cobertura e paredes contínuas que parecem feitas de sapê. A aldeia esta cercada por troncos de madeira.
Uma das ócas ou "casas de índio" está representada sem a cobertura de sapés, onde pode-se ver a estrutura e notar que alguns índios estão deitados em redes.
A próxima gravura, mostrada do lado direito, é de 1550-1551, e mostra os Tupinambás como eram vistos pelos franceses, com os quais mantinham uma relação amistosa nesta época, mesmo antes da tentativa de estabelecimento da colônia "França Antártica".
Nesta época navios ou naus francesas navegavam nestas águas, entre Cabo Frio e Baía de Guanabara, com fins de exploração e comercializar o pau-brasil na França.
A gravura tenta mostrar os nativos ou primitivos habitantes no dia a dia, em atividades lúdicas e de lazer, assim como em atividades de trabalho.
São mostradas algumas ocas com cercas de madeira, alguns com arco e flecha caçando, são vistos alguns sobre canoas, e alguns em redes de dormir ou descançar, sendo uma delas fixada em dois troncos de árvores.
Na gravura é também mostrada uma cena de guerra, onde a batalha talvez apareça de forma um tanto fantasiosa com relação às armas usadas, onde além do arco e flecha parecem usar machado de pedra e cabo de madeira, quando na verdade usavam um "tacape" ou "borduna", uma espécide porrete esculpido em madeira.
Esta gravura fez parte de um livro comemorativo chamado "Entrada de Henrique II em Rouen", quando o Rei da França voltava de uma campanha vitoriosa contra os Ingleses. Participaram da recepção 50 índios brasileiros que foram levados à França.
Acima representações que parecem bastante realistas. A da esquerda vem do livro de Jean de Lery, publicado em 1578, sobre sua estadia nas terras da guanabara e junto aos Tupinambás. A gravura mostra na parte de cima cenas da vida cotidiana e na parte de baixo cenas de guerra entre tribos.
A gravura da direita é do livro "Singularidades da França Antártica" do padre cartógrafo e cosmográfo André de Thevet. Na gravura aparecem os indios ou primitivos habitantes da baía em sua vida cotidia. Um nativo parece acender fogo por atrito usando uma vareta de madeira, carregando pendurado às costas o que aparenta ser frutas tropicais.
Gofinhos e Baleias
Muitos não sabem que em tempos passados, golfinhos e baleias eram parte da paisagem da Baía de Guanabara. Mas nem tudo era festa, pelo menos para as baleias. Após a fundação da Cidade do Rio de Janeiro e com sua decorrente prosperidade e crescimento, a pesca de baleias foi de fundamental importância para a econômia dos tempos coloniais. Nesta época existiram muitas industrias de pesca de baleia, as chamadas "armações". O óleo de baleia era parte integrante da mistura contida no concreto usado no assentamento de pedras e alvenaria das antigas construções e fortificações.
Assim, com o desenvolvimento da cidade, tanto faziam parte da paisagem da Baía de Guanabara, as baleias assim como os barcos de pescas e as armações que se localizavam em praias mais distantes do centro da cidade.
Referencias e Fontes:
- Consulta à diversos livros sobre a história e iconografia da Cidade do Rio de Janeiro para dar suporte à criação desta página.