Corsos Carnavalescos e Batalhas de Confete
Os corsos de carnaval e as batalhas de confete ganharam as ruas no início do século 20, tornando-se uma atração no início da era do automóvel. Corsos podem ser tidos como uma nova formatação dos antigos cortejos das grande sociedades carnavalescas da segunda metade do século 19, mas de forma simplificada.
Origens, auge e declínio dos Corsos e Batalhas de Confete
Durante certa época, foi muito popular no Rio de Janeiro os "Corsos" e batalhas de confetes, assim como banhos de mar à fantasia.
Os corsos de carnaval seriam a nova forma tomada no século 20 pelos cortejos ou desfiles das sociedades carnavalescas da segunda metade do século 19. Os corsos também poderiam ser entendidos como uma tropicalização das "batalhas das flores" que eram uma caracterisitca de sofisticados carnavais Europeus na virada do século 19 para o século 20, semelhantes ao carnavais que ocorriam na cidade de Nice no sul da França.
Estas brincadeiras de carnaval eram basicamente um desfile de carruagens enfeitadas e posteriormente de automóveis com suas respectivas capotas de lona abaixadas. Os veículos desfilavam na Av. Central (atual Av. Rio Branco) e Av. Beira Mar, repletos de foliões fantasiados. Quando os veículos se entrecruzavam, os grupos de foliões fantasiados jogavam confetes, serpentinas e esguichos de água ou lança-perfume uns nos outros.
A Batalha das Flores foi um evento efêmero ou de curta duração que aconteceu na primeira década do Século 20, que embora não tenha se tornado uma tradição, marcou uma época.
Em 1906 o então Prefeito Pereira Passos, que modernizava a cidade ao estilo de Paris, promoveu no Campo de Santana uma "Batalha das Flores" ao estilo Europeu.
Na foto um veículo de tração animal ainda muito utilizado na época e uma bicicleta enfeitada com flores.
Acima, do lado direito, também em 1906 em primeiro plano um automóvel enfeitado com flores para participar da "Batalha das Flores". Vindo à seguir outro automóvel e do lado esquerdo um público assiste ao desfile que. O desfile foi incentivado pelo Prefeito Pereira Passos, que modernizava o Rio ao estilo de Paris.
Os corsos carnavalescos eram uma manifestação mais ligadas às elites cariocas ou pessoas de classe média alta para cima, já que nem todo mundo na época possuia veículos, seja de tração animal ou automóveis. Entretanto nos corsos, alguns grupos alugavam veículos, mas para tal era necessário ter poder aquisitivo.
O corso carnavalesco foi um dos mais importantes eventos do carnaval carioca na primeira década do século 20, geralmente ocupando as vias da cidade dedicadas ao carnaval durante os 3 dias de folia. Somente em horários pré-determinados era aberto espaço para os agrupamentos populares como os Ranchos que desfilavam na segunda-feira e para as Grande Sociedades que desfilavam na chamada terça-feira.
Um fato marcante e ousado aconteceu no carnaval de 1907, quando as filhas do então Presidente da República Afonso Pena, passearam usando o automóvel presidêncial pela Av. Beira-Mar no Rio de Janeiro, e este evento contribuiu para a divulgação e proliferação da nova moda carnavalesca no Brasil.
Independentemente deste desfile "presidencial", a "moda" dos corsos se proliferava pelas maiores cidades do Brasil, onde aderindo à moda surgida na capital federal, os prefeitos e autoridades abriam suas principais ruas e avenidas para os corsos.
Na década de 1940, segundo alguns autores o corso já não era mais tão usual, e a chamada "alta sociedade" já não mais desfilava com seus automóveis.
O Fim do Corso
Segundo observação de "Almirante", um antigo radialista e compositor da primeira metade do século 20, a decadência do corso e do carnaval tradicional de rua com farta batalha de confete, lança-perfumes e serpentinas, se deu à partir de 1935. Este associa o fim do corso á diminuição de carros abertos ou conversíveis com capotas de lona. Carros com capotas conversíveis de lona praticamente pararam de ser fabricados, e as duas filas de carros que se formavam começando na Praça Mauá, início da Av. Central (atual Av. Rio Branco) e chegando até o Pavilhão Mourisco (antigo local de Botafogo, já demolido), foram gradativamente diminuindo.
Aliádo à este fato, a polícia passou a permitir que caminhões enfeitados e com muitos foliões nas carrocerias participasem do corso, inibindo talvez os carros que ainda persistiam nos desfiles. Bem, não seriam os "trios elétricos" dos dias de hoje, inspirados ou derivados dos caminhões carregadados de foliões?
Corsos no Interior do Brasil
Até fins da década de 1960 no século 20, alguns carros com foliões ainda podiam serem vistos em cidades do interior do Brasil.
Nesta época já não existiam mais tantos carros conversíveis ou com capota retrátil, mas alguns foliões passeavam pela cidade sobre a carroceria de caminhonetes cantando com alguns instrumentos, e em alguns casos com lanças perfumes ou bisnagas de água.
Veja um vídeo sobre corsos de antigos carnavais
Uma variante deste costume, que ocorria no interior do Brasil, em cidades de porte médio, era uma espécie de "volta do entrudo", quando foliões bastante jovens subiam na carroceira de caminhonetes munidos de tomates maduros ou goiabas muito maduras e começavam uma "guerra" carnavalesca de gosto duvidoso, quando encontravam outra caminhonete com um grupo afim da mesma brincadeira.
No íncio da era do automóvel e nas recem abertas vias da Capital Federal, os Corsos eram uma atividade social
Na foto abaixo, do lado esquerdo, corso carnavalesco de 1907. Observe que existem muitas serpentinas e quando um carro passava por outro aconteciam as batalha de confete. Pode-se notar que a foto foi tirada no trecho em frente à Praça Cinelândia, onde se vê o pórtico que fica ao lado do antigo prédio do Supremo Tribunal Federal, um pouco antes da Biblioteca Nacional.
Outro corso de carnaval de 1907, mostrado na foto do lado direito, também acima, quando a aristocracia saia em carros abertos desfilando pela Av Central, atual Av. Rio Branco e Av. Beira Mar, ambas recem abertas durante a modernização da antiga capital federal. Do lado direito parece que alguém atira de lança perfume. Os corsos se propagaram por todo o Brasil e durante algum tempo tiveram muito destaque no carnaval.
Referências
- Consulta a livros diversos sobre o Rio de Janeiro e sua história foram feitas para dar suporte à criação desta página.