Cordões e Blocos de Carnaval
Os Cordões e Blocos surgiram no final do século 19. Eram formados por grupos de foliões que andavam em fila, com seus partipantes caminhando e dançando um atrás do outro e frequentados por pessoas comuns, foliões mascarados e fantasiados.
Surgimento e História do Cordões Carnavalescos
Ao longo do tempo da história das manifestações carnavalescas, foram surgindo novas formatações e formas de expressões, como os blocos e cordões, as grandes sociedades carnavalescas, os ranchos e posteriormente as escolas de samba, estas últimas com suas músicas próprias e enredos, e suas sofísticadas e interessantes evoluções de coreografias, com estandartes, porta bandeiras e mestre-salas, dando novas e deslumbrantes feições à grande festa popular.
Na verdade, as Escolas de Samba surgiram com o Samba moderno e assimilaram parte da cultura dos Blocos como também parte da cultura dos Ranchos e a ironia das fantasias e carros alegóricos das Grandes Sociedades.
Mas conologicamente falando, e seguindo a linha do tempo, na segunda metade do século 19, surgiram os Cordões e Blocos, os Ranchos e as Grandes Sociedades Carnavalescas. Estes grupos, constituidos por foliões, tomavam as ruas do Rio de Janeiro durante os festejos de Momo.
O auge dos Cordões Carnavalescos
Os Cordões tinham este nome por andarem em fila, com seus participantes caminhando e dançando um atrás do outro. Era um grupo onde a sua caracterisitca principal eram os foliões mascarados, com os mais diversos tipos de temas, como palhaços, velhos, índios, reis, rainhas, diabos, baianas e vários outros tipos de personagens.
Ao que tudo indica, alguns cordões em sua forma orignal, escolhiam um tema para a fantasia de todo o grupo. O grupo era conduzido por um Mestre e obedecia à um apito de comando. Quem fazia o som e rítimo da brincadeira era um conjunto munido apenas de instrumentos de percurssão.
Pelo menos em termos de registro histórico, tem-se o ano de 1886 como data de surgimento, com a fundação do cordão chamado Estrela da Aurora. Entretanto, a existência de cordões é bem anterior aos registros históricos.
A partir de 1902 os cordões se proliferam no Rio de Janeiro e em torno de 200 cordões foram licenciados pela polícia da então Capital Federal.
Existia cordões de vários bairros, como os "Destemidos do Catete" e "Triunfo da Glória" e no ano de 1906 o jornal Gazeta de Notícias organizou o primeiro concurso de cordões da cidade.
Ao lado a foto de um bloco onde o compositor Pixinguinha aparece em meio aos amigos foliões. Nesta época, muitos participantes vestiam-se de mulher de forma satírica e bem humorada, como é o caso de Pixinguinha e alguns companheiros na foto.
O Declínio dos Cordões
No início da segunda década do seculo 20, já em 1911 os Ranchos passaram a ter mais importância e começavam a substituir os Cordões no carnaval carioca.
Entretanto, no ano de 1918 surge o famoso "Cordão do Bola Preta", que segundo muitos afirmam nunca foi um "cordão" propriamente dito, mas um bloco cuja finalidade e missão contida em seus estatutos era revigorar e reviver as tradições dos antigos "cordões" que haviam desaparecido.
O desaparecimento dos Cordões se deu devido ao excesso de críticas por parte da imprensa e dos intelectuais de elite. O Rio de Janeiro se modernizou na primeira década do século com a abertura de novas e amplas avenidas como a Av. Central, Mem de Sá e Beira Mar. Os cordões e suas fantasias eram associados à velha Rio de Janeiro, de ruas estreitas e insalubres dos tempos coloniais e do Império.
Logo vieram as proibições pela polícia de fantasias típicas do carnaval de rua, como as fantasias de indio e de diabinho, sob alegação de "não combinarem com uma cidade civilizada".
Devido à esta suposta má fama e rotulo degenerativo dado pela imprensa, os cordões passaram a se denominar Blocos carnavalescos.
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Diferença entre antigos cordões e blocos da atualidade
Ao que tudo leva a crer, pelo que se pode ler, assim como através da observação de antigas fotos, os antigos cordões, pleo menos em sua ultima fase, eram grupos de foliões organizados, em muitos casos, grupos com fantasias semelhantes, que seguiam um lider condutor e acompanhados de bumbos e outros instrumentos de percursão. Estes cordões, geralmente enfileirados, desfilavam e as pessoas assistiam.
De um modo geral os blocos carnavalescos do Rio de Janeiro da atualidade não possuem preocupação com uniformidade de fantasias, e a unidade de organização se restringe praticamente ao circulo dos organizadores. Embora exista ironia e brincadeiras em algumas fantasias, não existe uma harmonia de temas quanto às mesmas fantasias. Na verdade, os blocos de carnaval da atualidade, na prática não desfilam, apenas saem caminhando e dançando em grupos ao som da banda carnavalesca que os acompanha, e muitas pessoas sem fantasias aderem e se juntam ao bloco.
Acima, do lado direito, foto de um antigo bloco carnavalesco do início do século 20, tendo o compositor Pixinguinha como um dos integrantes. Note que ele como outros se vestem ironicamente de mulher.
Fantasias típicas dos antigos cordões
A ilustração ao lado, constou da edição de Fevereiro de 1906 da Revista Kosmos, rememorando uma fantasia típica do tempos áreos dos Cordões, a fantasia de "velho" onde o mesmo é caracterizado por uma grande máscara, uma lupa para leitura, trajes de época misturados com trajes típicos de carnaval.
Em 1846, um português cujo verdadeiro nome era José Nogueira de Azevedo Paredes, um sapateiro estabelecido no Rio de Janeiro, decidiu sair na Segunda-Feira de Carnaval com seus amigos, fazendo uma barulhenta passeata pelas rua da cidades, partindo da Rua São José, onde ele morava.
Os grupos do zé-pereira eram uma tradição no norte de Portugal que não saía apenas no Carnaval, mas também nas romarias e festas religiosas tocando tambores e gaitas de fole.
No Rio o sapateiro e lider do grupo, saía sempre no sábado de Aleluia e segundo dizem, ele trouxe este costume de Portugal, da região do Minho.
O Zé Pereira que fez fama e entrou para a história do carnaval do Rio de Janeiro, tinha como caracteristica usar uma imensa máscara e tocar um enorme bumbo de marcação, ao som do qual os foliões acompanhavam e cantavam.
Observe que na ilustração aparece o Zé Pereira com sua enorme mascara e o bumbo ao lado, com um folião fantasiado de diabinho, uma das mais típicas fantasias da época.
Na verdade o "zé pereira" é uma brincadeira ou tipo de bloco carnavalesco e não o nome de uma pessoa.
Referências
- Consulta a livros diversos sobre o Rio de Janeiro e sua história foram feitas para dar suporte à criação desta página.