Teatro Municipal
O famoso e imponente Teatro Municipal foi construído na segunda metade da década de 1910, como parte e consequência da modernização do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Nesta época já havia sido aberta a Avenida Central e este templo da ópera e música clássica foi um dos destaques da nova avenida e também um dos destaques da Praça da Cinelândia.
A inauguração do Teatro Municipal aconteceu no dia 14 de julho de 1909, em grande solenidade, num espetáculo que marcou a vida artística da Cidade. A construção foi iniciada no tempo da administração do Prefeito Pereira Passos e do Presidente Rodrigues Alves, um tempo que marcou a modernização e reformulação do traçado urbano da então capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Embora a obra tenha sido iniciada em 1905, somente foi terminada quando Passos já havia deixado a Prefeitura.
O teatro possui capacidade para 1700 espectadores distribuídos entre platéia, um ordem de frisas, 1ª e 2ª ordem de camarotes, balcões e galerias. A orquestra situa-se em plano inferior à plateia, obviamente para não obstruir a vista de espetáculos de balet e ópera.
Sob a orquestra e platéia foi originalmente projetado um restaurante, no nível da rua. O restaurante, segundo o projeto, poderia ser acessado do interior do teatro ou da rua. No início do século, época em que o ecletismo ainda imperava na arquitetura era comum encontrar as diferentes salas de palácios, casarões e casas de espetáculo com decoração inspirada em diferentes estilos. Devido à decoração do restaurante envolver mosaicos e cerâmicas estilizados com inspiração perso-assíria, este salão restaurante foi chamado de "Assírio".
O Assyrio atualmente funciona com o nome de Café do Theatro, com acesso para o Boulevard ou jardim do teatro, ao lado da fachada lateral voltada para a Av. 13 de Maio. Este espaço lateral fechado com grade, foi "inventado" durante a última reforma e restauração.
Acima foto de 2010 da fachada principal do Teatro Municipal, recém reformado e reinaugurado. Esta fachada é que fica de frente para a Praça Marechal Floriano, mais conhecida como Praça da Cinelândia.
Foto do interior do Teatro Municipal tirada tirada em 2011. A foto foi tirada da galeria ou patamar mais alto de poltronas, onde quem vós escreve e minha esposa estávamos sentados. Neste dia seria apresentado o filme Metrópolis de Fritz Lang, com trilha sonora executada ao vivo por uma Orquestra Sinfônica.
Através da imagem acima, podemos ver o interior do Teatro Municipal visto do palco. Este painel com legendas mostra os lugares dos assentos no teatro, para que ao comprar os ingressos, seja possivel ver onde voce irá se sentar.
Curiosidades e Fatos do Teatro Municipal
O teatro possui uma área de 4.220 metros quadrados, fazendo frente para a Praça da Cinelândia, oficialmente conhecida como Praça Marechal Floriano, que um dia já foi chamada de Ferreira Viana e antigo Largo da Mãe do Bispo, fazendo fundos para o Beco Manuel de Carvalho e tendo as fachadas laterais voltadas para as Avenidas Rio Branco e Treze de Maio.
Quando foram feitas escavações para a construção dos alicerces do teatro, segundo o autor N. Costa, foi encontrado o casco de uma antiga embarcação, fato este que comprovaria que no local havia a Lagoa de Santo Antônio, que se extendia por partes do atual Largo da Carioca. Em virtude deste fato, deduziu-se que a lagoa extinta e aterrada, ainda nos tempos coloniais, era era profunda e navegável, e indo mais além, existe quem afime que ela tinha ligação como o mar.
Para a sua construção foi feita uma concorrência aberta em Outubro de 1903, tendo dois projetos alcançado o 1º lugar. Entretanto o projeto preferido foi o do Engenheiro Francisco de Oliveira Passos, filho do Prefeito Pereira Passos.
A fachada do teatro teve a colaboração de um arquiteto francês de nome Gilbert, e existem especialistas em história da arquitetura que afirmam que, o Teatro Municial é praticamente uma cópia da antiga Ópera de Paris.
O pano de boca do teatro é de Eliseu Visconti e representa a influência das artes na civilização. No conjunto das figuras e alegorias vemos Shakespeare, Camões, Vitor Hugo, Francisco Manuel, Mestre Valentim, José Bonifácio, Castro Alves, José de Alencar, Casimiro de Abreu, Pedro Américo, Vitor Meireles, D. Pedro II e os artistas de teatro famosos no século 19 ou naquela época, como João Caetano, Vasques, Peregrino de Menezes e Furtado Coelho.
Nesta época ainda não havia luz elétrica por toda a cidade, pois era uma tecnologia nova. Mas o projeto do teatro incluiu a construção de uma usina particular geradora de eletricidade, provavelmente para iluminação por arcos voltaicos.
O teatro é suntuoso, em estilo eclético, e possui uma decoração interna de autoria de grandes artistas da época, como esculturas de Rodolfo Bernardelli, pinturas de Eliseu Visconti, Henrique Bernadelli e Rodolfo Amoedo.
Segundo o autor Ferreira da Rosa, a escadaria externa, as guarnições das portas foram feitas com granito nacional, a colunata eclética ou em vários estilos em termos de ordem, foi feita com mármores italianos e belgas, sendo as colunatas que sustentam o entablamento das lojas monolíticas, ou seja, feitas de uma só peça. Os portões são de bronze de fundição nacional, enquanto os vitrais das janelas são alemães.
O entablamento do corpo principal é ornamentado com seis símbolos esculturados pelo prof. Bernadelli, sendo a Música, a Poesia, a Dança, a Comédia, a Tragédia e o Canto.
Encimando o edifício, estando à 46 metros acima do nível do mar, paira uma águia de cobre dourado, com seis metros de envergadura entre as pontas das asas abertas.
Teatro Municipal | Detalhes da fachada eclética
O vestíbulo e a escadaria nobre possuem magnífica ornamentação, utilizando mármore, ônix e bronze dourado nas balaustradas, estátuas e lampadários que produzem um belo efeito para os padrões do classicismo e ecletismo. A decoração do foyer, utilizando branco e ouro, segue o estilo Luiz XVI.
Para a solenidade de inauguração foi executado o seguinte programa: Insónia, poema sinfônico de Escragnolle Doria e Francisco Braga; Bonança, de Coelho Netto; Moema, uma ópera de Delgado de Carvalho; Noturno, da ópera Condor, de Carlos Gomes.
O poeta Olavo Bilac discursou, e no final disse:
"Faltava-te este palácio, cidade amada! No teu renascimento esplêndido, faltava esta afirmação do teu gênio artístico! E eu abençôo a sorte benévola que me reservou a ventura de ter sido o escolhido para entregar ao teu gozo e ao teu carinho esta casa, que é uma das mais belas jóias da tua coroa de rainha"!
A primeira companhia que atuou no Teatro Municipal foi a de Réjane, no dia que seguiu-se à sua inauguração.
Muitos artistas de renome internacional já se apresentaram no Municipal, como Zacconi, Guitry, Caruso, Titã Rufio, Claudia Muzzio, Rosa Raisa, Nijinsky, Pavlova, Isadora Duncan, Toscanini, Strauss, Mascagni, Paderewsky, Rubinstein, Rudolf Nureyev além dos grandes nomes brasileiros.
O Teatro Municipal tem servido também para muitos outros espetáculos de gala, tanto artísticos como sociais. Embora o Teatro seja mais voltado para a música erudita, músicos não eruditos, mas altamente apreciados no setor popular já se apresentaram no Municipal como João Gilberto, Roberto Carlos, Caetano Veloso e Erasmo Carlos.Solenidades diversas como distribuição de trofeus artisticos e até discursos de políticos para convidados já tiveram lugar no Teatro Municipal, como o Presidente dos EUA, Barack Obama, que lá fez uma pronúnciamente quando em visita ao Brasil.
Referências e Fontes:
- Consulta a diversos livros sobre a história do Rio de Janeiro para dar suporte à criação desta página.