Fantasmas da Fortaleza de Santa Cruz
Inúmeras lendas e estórias de fantasmas existem acerca da Fortaleza de Santa Cruz da Barra. Os primeiros canhões foram colocados no local ainda no século 16.
E com o decorrer dos séculos a Fortaleza também foi prisão de corsários e invasores. Seria verdadeira a história de um fantasma cuja alma se encontra presa no local por mais de dois séculos, aguardando sua libertação?
A Mais Incrível e Assustadora das Estórias | A Alma do Corsário Francês
Entre as muitas lendas, a mais incrível das histórias é conhecida por poucos. Somente um praça (soldado) que lá serviu, resolveu revelar o que lá presenciara após estar com mais de 90 anos. Toda vez que ele tentava contar o que viu em uma noite de ventos frios e uivantes, ele começava a tremer e a sentir calafrios. Jamais havia conseguido revelar o segredo que ele tentou esquecer por mais de 70 anos, até que estimulado por amigos, que lhe ofereceram uns tragos de uma boa aguardente para que tomasse coragem, ele então conseguiu contar o que havia visto.
Já meio alterado devido à aguardente de alto teor alcoólico, ele então se sentiu mais relaxado para revelar o segredo diante dos olhos incrédulos e assustados dos amigos que o ouviram desabafar.
Quando o praça tinha em torno de 21 anos, ele fora destacado para ficar de guarda ou como sentinela em um dos postos de observação durante a noite na Fortaleza de Santa Cruz. Segundo ele, deveria começar sua guarda por volta de 11 da noite, quando então iria render o outro soldado que se encontrava de sentinela. Ao se dirigir para o posto de vigia, este decidiu passar por um caminho em frente à masmorra, pois não acreditava em algumas lendas que os mais antigos haviam lhe contado.
Interior da masmorra da Fortaleza de Santa Cruz, onde muitos entraram, e poucos sairam com vida, para depois serem executados. Observe na parede do lado esquerdo o que parece ser uma figura fantasmagórica.
A cela acima, era fechada por uma porta de ferro maciço, e ficava em completa escuridão. Grupos de prisioneiros como corsários e invasores entraram nesta cela e nunca mais sairam.
Acima um outro tipo de cela que se volta para um pátio aberto. A cela não continha janelas, e algumas não tinham altura suficiente para que os prisioneiros ficassem em pé. Inúmeros prisioneiros, como corsários e inimigos da Coroa, entraram e jamais sairam vivos destas celas e alguns sairam para serem executados.
Acima, alas internas da Fortaleza de Santa Cruz com 3 níveis de baterias de tiro, sendo a do primeiro nivel e segundo nível composta de inúmeras casamatas e a do último piso ficando a céu aberto, sobre um terraço.
Mas quando o praça estava perto da porta de ferro da masmorra, ele viu uma claridade, uma espécie de brilho em volta de um vulto que pareceu atravessar a porta de ferro, vindo em sua direção. O vulto logo se transformou em uma figura pálida e desfigurada, como se fosse um sofrido prisioneiro, e disse-lhe falando em português com um forte sotaque francês algo como...
- "Senhor, tenha piedade, sei que invadi suas terras, mas estou nesta masmorra à dois séculos, perambulando de um lado para o outro e não consigo sair. Creio que morrí lá dentro, mas não consigo sair ! Por favor, eu e meus 4 parceiros precisamos de sua ajuda para nos libertar. É preciso que o Senhor e mais quatro amigos seus passem uma noite inteira na masmorra, e rezem por nossas almas à cada badalada do sino da capela que somente vocês e nós deveremos ouvir tocar. Então nossas almas serão libertas!"
Nem bem o fantasma do pirata francês terminou de dizer sua palavras o praça saiu em desesperada correria indo bater à porta do alojamento e gabinete do Comandante em Chefe da Fortaleza que se encontrava dormindo. O Comandante acordou assustado, e viu o praça totalmente apavorado sem conseguir dizer uma só palavra, apenas suando frio, balbuciando e apontando desesperado para todos os lados, como se estivesse atordoado e perdido. Diante de tal situação, e sendo aquele praça um sentinela, o Comandante pensou ser um alerta de guerra, e imediatamente bateu à porta do corneteiro ordenando que tocasse o alerta de ataque inimigo.
Em poucos minutos todo o corpo que servia na fortaleza estava se levantando para defender o território. Enquanto os soldados corriam para assumir suas posições nas 3 baterias de tiros e ocupar suas casamatas onde ficavam os canhões os outros sentinelas que se encontravam de guarda no momento eram chamados na sala de comando para relatar ao Comandante quantas naves inimigas se aproximavam da entrada da Baía de Guanabara.
Para surpresa geral do Comandante da Fortaleza e seus acessores, os demais sentinelas disseram que não haviam visto nada anormal. Então mandaram buscar o praça que continuava em estado de choque e não conseguia dizer uma palavra. Após perguntarem o que havia ocorrido, ele continuava atônito e não conseguia dizer uma palavra por mais que tentasse. Apenas gesticulava, balbuciava trêmulo e tinha calafrios.
Após observarem bem as cercanias, o Comandante e seus acessores imediatos chegaram à conclusão que o praça havia tido algum tipo de surto, e o enviaram para a enfermaria tendo lá ficado em observação por dois dias e duas noites, sem conseguir dizer uma palavra, até que foi enviado para outro hospital. Entretanto o praça continuava a ter constantes alucinações durante as noites. Por fim, os médicos chegaram à conclusão que o praça estava inapto para servir no local e finalmente deram baixa, liberando-o do serviço ativo.
O praça, após passar por uma assistência psiquiátrica para acalmar-se, uma vez liberado do serviço, procurou outra profissão e nunca mais voltou à Fortaleza de Santa Cruz.
Enfim, mais de 70 anos depois, sentado à uma mesa do bar, só então ele revelou a história para seus quatro amigos que ouviram o relato com os olhos arregalados. Após terminar de contar a estória, os seus amigos perguntaram - "Mas porque você nunca contou isto antes para ninguém?"
Então o ex-praça revelou a parte mais estranha da estória....
- "O fantasma do corsário francês havia me dito para não revelar a sua história e nem como fazer para libertar sua alma para ninguém, à menos que eu conseguisse quatro amigos para dormir na masmorra e rezar pela alma deles a noite inteira. Somente assim, eles então seriam libertos. Mais que isto, a alma penada do corsário francês me disse também que, todos que souberem da história deverão passar uma noite na masmorra rezando pela alma deles, do contrário, enquanto suas almas não fossem libertas, eles irão procurar durante a noite todos que sabem da história."
Bom... Agora voce também sabe da história !!!
Referencias e Fontes:
- Texto de ficção escrito pelo autor desta página inspirado no passado da Fortaleza e suas lendas.
- Qualquer semelhança deste texto com personagens ou fatos reais é mera coincidência.
- Ilustrado com fotos tiradas no local pelo autor desta página.