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História da Barra da Tijuca e Jacarepaguá

Paisagem da Barra da Tijuca

A Barra da Tijuca como bairro e área urbana tem história recente. O local começou a se desenvolver urbanísticamente e tomar impulso somente na década de 1970 quando surgiu o Barra Shopping e os grandes condomínios de edifícios de apartamentos.

A Barra da Tijuca era uma área alagadiça com matas de restingas, e a Baixada de Jacarepaguá ocupada por fazendas e engenhos. Na na segunda metade do século 20 a Barra foi ocupada progressivamente como área urbana após a construção de estradas e tunéis.

Origem do Nome Barra da Tijuca

Em termos de navegação, a palavra "barra" tem o significado de foz de um rio ou riacho, entrada de um porto ou baía e isto tem a ver com a própria geografia do lugar.

Tomando como exemplo, a entrada da Baía de Guanabara, ou seja a faixa de mar mais estreita que fica entre o Pão de Açucar e a Fortaleza de Santa Cruz do lado de Niteroi, era chamada de Entrada da Barra, mas neste caso se referindo à "barra" como foz da Baía de Guanabara.

A palavra "Tijuca" é de origem indígena, e tem o significado de "caminho em direção ao mar, vereda". Como naquela grande baixada havia grandes lagoas interligadas, que por sua vez recebiam rios, e se conectam com o mar, certamente esta é a razão de chamar o local de Barra da Tijuca, que significa também "Foz da Tijuca".

Origem e Desenvolvimento da Ocupação da Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca

Como zona urbana, a Barra da Tijuca é o mais novo bairro do Rio. Mas como zona rural e parte da Baixada de Jacarepaguá, tem uma longa história.

A história da ocupação das terras desta baixada começou ainda no primeiro século da colonização Portuguesa, quando foram doadas glebas aos vencedores da guerra contra os franceses que haviam invadido a as terras circundantes à Baía de Guanabara. A partir de então, o local era tido como sertão, onde posteriormente existiram primordialmente fazendas e engenhos até quase o final do século 19.

Dos Primordios da Colonização à Era dos Engenhos na Baixada de Jacarepaguá

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Capela São Gonçalo do Amarente, erguida por Gonçalo de Sá, em 1625

Capela de São Gonçalo do Amarante, no Camorim, erguida em 1625 por Gonçalo de Sá, no local onde possuia um engenho.

Casa da fazendo do Engenho D´Agua em Jacarepagua

Acima a casa da Fazendo do Engenho d´Agua em Jacarepagua (no local hoje chamado de Gardenia Azul). A casa foi construída na metade do século 18 (por volta de 1750) por um dos Viscondes de Asseca, herdeiros e sucessores de Martim Correia de Sá, que iníciou o engenho na primeira metade do século 16, onde lá havia também erguido uma capela.

Mapa dos limites atuais da Barra da Tijuca e bairros vizinhos

O mapa dos limites atuais da Barra da Tijuca e bairros vizinhos. O engenho e capela a capela erguida 1625 por Gonçalo C. de Sá ficava na região do Camorim, sendo que a capela ainda existe no local. O Engenho d´Agua, também iniciado na mesma época, de Martim C. de Sá ficava em Jacarepaguá, no local onde hoje é a região do Anil e Gardenia Azul.

Na planície de Jacarepaguá, já nos primordios da colonização Portuguesa, ainda século 16 e início do século 17 os parentes de Estácio de Sá e Mem de Sá já possuíam enormes glebas de terras, então chamadas de semarias, onde posteriormente mantiveram grandes fazendas e engenhos.

Certamente que a região hoje chamada Barra da Tijuca era parte das terras, mas sua ocupação em termos de viabilidade para criação de gado e plantio não era utilizada nas partes próximas ás margens do oceano, por causa das lagoas, dos alagados e lamaçais, e dos bancos de areia.

Após a fundação da Cidade do Rio de Janeiro em 1565 e a expulsão dos franceses da Baía de Guanabara por Mem de Sá e Estácio de Sá em 1567, muitas sesmarias ou grandes glebas de terra foram concedidas.

Salvador Correa de Sá, que foi o terceiro governante do Rio de Janeiro, após Estácio de Sá e Mem de Sá, governando entre 1568 e 1571 e tendo um segundo governo entre 1577 e 1598, recebeu a metade da Ilha do Governador e muitos outros grandes latifúndios, e doou aos seus filhos, Martin e Gonçalo terras que iam da Tijuca até Jacarepaguá e Guaratiba.

Martin Correia de Sá foi o primeiro governador nascido no Rio, com um primeiro mandato entre 1602 até 1607, e depois entre 1623 até 1632, ano de sua morte. Foi educado na Europa, mas passou a maior parte de sua vida no Brasil, Rio de Janeiro.

Mantim ficou com uma sesmaria que começava no local onde hoje se chama Campinho (entre os Morro do Maranguá e Valqueire), passando pelo Tanque (local onde antigos tropeiros davam água para cavalos) e indo até as lagoas da Tijuca (antiga lagoa do lamaçal), do Camorim (antiga lagoa dos badejos) e de Jacarepaguá (dos Jacarés) e do Marapendi (mar limpo) e os Campos de Senambetiba, ou local dos mariscos. Martin teve seu engenho na região no local chamado Engenho d´Agua (provavelmente no local hoje chamado de Anil, daí o nome da Estrada do Engenho d´Agua) e também outro engenho na Gávea, onde é hoje a Rua Faro, sendo que em ambos os locais mandou erguer uma capela de N.S. da Cabeça, da qual era devoto. O Engenho del-Rei havia pertencido à Antonio Salema que governou o Rio entre 1576-1577.

A sesmaria de Gonçalo, englobava os campos e morros por onde passa a atual Estrada dos Bandeirantes (antes chamada estrada do Camorim) até a restinga da Marambaia ou nesga de areia que entra pelo mar. O engenho de Gonçalo ficava no Camorim onde também ergueu em 1625 uma capela para S. Gonçalo Amarante, do qual era devoto.

As terras de Gonçalo passaram posteriormente para sua filha, Dona Vitória que era casada com um espanhol, Governador do Paraguai. Após a sua morte, em 1667, sem herdeiros, doou suas terras ao Mosteiro de São Bento.

Ainda no século 17, outros colonizadores se estabeleceram nas áreas dos irmãos Sá, seja como foreiros (ou enfiteutas), ou sendo proprietários de terras vizinhas. A partir de então surgiram muitos engenhos, sendo aquela ampla área que enveredava para o sertão chamada de "Planície dos Onze Engenhos", ou seja, a área que hoje chamamos de Zona Oeste. E a era das grandes fazendas e engenhos na Baixada de Jacarepaguá durou até o final do Ciclo da Cana de Açucar, aproximadamente até a metade do Reinado de D. Pedro II.

O Início dos Loteamentos e Desmembramentos no Final do Século 19 e início do Século 20

A partir do final do auge do cultivo da cana de açucar, passou-se ao plantio de café enquanto outras partes das fazendas da região estavam sendo desmembradas.

Nos primeiros anos da República, o Engenho Central que pertencia ao Mosteiro de São Bento na região do Camorim, foi adquirido por um banco que loteou as terras, ficando salva na época a "casa grande" que pertenceu a Gonçalo e depois a sua filha Vitória de Sá, casa esta que foi transformada em escola municipal. Quem aqui escreve não sabe se continua de pé.

Durante o decorrer do século 20 alguns loteamentos foram feitos. Paralelamente, também ao longo do século 20, progressivamente a Barra foi se tornando acessível, primeiramente através de sinuosas estradas que contornavam e subiam montanhas, e posteriormente através de estradas de traçado mais direto utilizando-se de túneis que cortavam caminho, permitindo assim o alavancamento de sua ocupação.

Av. Lúcio Costa com quiosques e ciclovia

Acima a Av. Lúcio Costa, antiga Av. Sernambetiba, com seu calçadão, ciclovia e quiosques mais ao fundo, obras do final da década de 1980.

Plano Urbanistíco e Especulação Imobiliária

Um ponto marcante do desenvolvimento e planejamento da Barra da Tijuca, aconteceu durante a gestão do governador Negrão de Lima, quando este governava o antigo estado da Guanabara. Nesta época foi encomendado ao arquiteto e urbanista Lúcio Costa um plano para a área. Lúcio Costa, para quem ainda não sabe, é o mesmo autor do "Plano Piloto de Brasília". Assim, foi no ano de 1969 que Lucio Costa concebeu um outro "Plano Piloto" para a Barra da Tijuca.

Entre a segunda metade do século 20, até meados da década de 1970 muitos moradores de classe média do Rio compravam terrenos de loteamentos no local com expectativa de valorização futura, geralmente com fins de investimento, já que a área era de difícil acesso para quem trabalhasse no centro do Rio, Zona Sul o Zona Norte.

Muitas empresas incorporadoras e do ramo de construção cívil também possuiam enormes áreas, aguardando a posterior valorização para a construção de condomínios.

Novas Estradas e Túneis Ligando a Barra Permitiram o Desenvolvimento Urbano após 1970

Paralelamente ao plano urbanistico, novos caminhos ligando à Barra à Zona Sul do Rio como também à Zona Norte foram planejados. Veja sobre os caminhos e estradas para a da Barra da Tijuca que permitiram a ocupação urbana da região.

A Urbanização da Orla da Barra

Os trabalhos de urbanização completa da orla, na Av. Sernambetiba (atual Av Lúcio Costa) somente aconteceram durante a administração do Prefeito Marcelo Alencar, em sua segunda administração entre 1988-1993.

Foi nesta época que o Prefeito implementou um plano de modernização e reurbanização dos calçadões da orla, construindo inclusive pistas de ciclovias. Inúmeros quiosques foram implantados em toda a orla da cidade, se estendendo até a Barra da Tijuca, quiosques estes que hoje continuam a fazer parte do cenário local.

Veja a continuação com a história acerca dos antigos caminhos e novas estradas da Barra da Tijuca e Baixada de Jacarepagua.

Referências

  • Consulta e pesquisa em diversos livros sobre a história e iconografia do Rio de Janeiro.