Tijuca - Bairro e História
O bairro da Tijuca é um dos melhores bairros do Rio de Janeiro, e considerado por muitos como o melhor bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Muito bem urbanizado e servido de bons serviços, é habitado primordialmente pela classe média e classe média alta.
Origens e história do bairro da Tijuca
A palavra "Tijuca" significa "vereda" ou "caminho que liga o mar". Certamente milhares de pessoas que moram na Tijuca neste início de século 21, e também quem morou, nasceu e viveu lá no século 20 talvez nunca souberam do significado deste nome. Na verdade seria o sertão que ruma para a Barra da Tijuca.
E mais ainda, muitos dos que moram ou moraram na Tijuca tão bem urbanizada, e que já passou por várias fazes, jamais voltou seus olhos para o passado para saber que por baixo do asfalto, entre as montanhas e no grande vale ocupado por prédios, um dia aquele local já foi uma grande fazenda dos Jesuítas.
A patir do início do século 19 era ainda área rural com muitas chácaras de aristocrátas e nobres, onde plantavam café, cultivavam hortaliças e pomares, tendo os picos da Tijuca e Pedra do Conde moldando magnificamente aquele belo cenário. Pequenos vilarejos também haviam no local.
Acima, a Tijuca em 1825, por Thomas Ender
A imagem acima retrata o local onde hoje é o bairro da Tijuca no Rio de Janeiro. Se trata de uma pintura ou quadro de óleo sobre tela, de Thomas Ender, datado de 1825, onde se vê ao fundo, bem ao longe o Pico da Tijuca e Pedra do Conde.
No Tempo do Engenho Velho
No local onde situa-se o Bairro Tijuca como o conhecemos nos dias de hoje, existia um Engenho de Cana de Açucar dos Jesuítas. Após a construção de um outro engenho mais ao norte, este primeiro Engenho passou a ser chamado de Engenho Velho, dando nome ao local. E o local do novo engenho passou a se chamar Engenho Novo, dano nome ao Bairro de mesmo nome. Enfim, a área da Quinta da Boa Vista ou São Cristóvão, Engenho Velho e muitas partes da Zona Norte eram fazendas dos Jesuitas.
Até a metade do século 18 as fazendas dos Padres Jesuítas prosperavam. Entretanto em 1759 os padres pertencentes à Companhia de Jesus foram expulsos das terras de Portugal pelo Marquês de Pombal e consequentemente do Brasil.
A enorme gleba de terra chamada sesmaria que pertenceu aos Jesuítas, e que um dia havia sido concedida aos mesmo por Mem de Sá, foi então subdividida e vendida como propriedades menores chamadas chácaras.
A região de São Cristóvão e Quinta da Boa Vista também passou pelo mesmo processo. Apenas a título de anotação, existe afirmação no sentido de que, ao fundar a Cidade do Rio de Janeiro, Estácio de Sá já havia concedido a Sesmaria aos Jesuitas, embora a conquista da terra ainda não tivesse sido consolidade, já que durante 2 anos existiu a guerra para conquista do território e expulsão dos Franceses invasores.
As Chácaras Engenho Velho
Uma vez que a sesmaria tive side desmembrada, o local passou a ser uma região de chácaras e com um pequeno povoamento, como mostra a figura no topo da página.
A atual Rua Hadock Lobo era chamada Caminho do Engenho Velho para quem vinha da cidade.
A atual Hadock Lobo juntamente com seu prolongamento, a atual Rua Conde de Bonfim, era chamda Grande Estrada da Tijuca, seguindo até as montanhas da Tijuca, area atualmente chamada Alto da Boa Vista. Tanto o trecho da Conde de Bonfim como da Hadock Lobo eram repletas de chácaras. Destacava-se o trecho da Hadock, que segundo cronistas e historiadores, era repleta de jardins floridos e grandes portais de entrada.
Com a virada do século 20, a Tijuca se transformou em um bairro com reais feições urbanas.
Entretanto, por mais paradoxal que seja, ao redor da Tijuca fica uma das maiores, senão a maior floresta urbana do mundo, conhecida como Floresta da Tijuca. Na verdade uma floresta reconstituída e replantada durante o reinado de D.Pedro II, por ordem do mesmo. Na época havia a preocupação com o desaparecimento dos mananciais de água que abasteciam a cidade, que foram em grande parte destruídos pelas fazendas de café que ocuparam grande parte daquela floresta.
A Fábrica das Chitas e Praça Sans Pena
No final da atual Rua Desembargador Isidro, na década de 1820 foi criada uma Industria conhecida como Fábrica da Chitas. Esta fábrica na verdade, segundo relatos não fabricava tecidos, apenas tingia tecidos vindos das Indias. O local da atual Praça Sans Penas era conhecido como Largo das Chitas em função da antiga fábrica. A Praça Sans Pena foi urbanizada por volta de 1911 já no século 20.
O local entre o Largo das Chitas (Atual Praça Sans Pena) e final da atual Rua Desembargador Isidro ficou conhecido por quase 100 anos como Fábrica das Chitas. Embora esta fábrica tenha durado apenas cerca de 20 anos, o nome do local se manteve por muito tempo.
Andaraí Pequeno (Tijuca) e Andaraí Grande
No Século 19 toda área da Tijuca, Andaraí atual, Vila Isabel, Grajaú e Aldeia Capista eram chamadas também de Andarahy. Este antigo Andarahy era subdividido entre Andarahy Pequeno e Andarahy Grande.
A atual área da Tijuca era conhecida como Andarahy Pequeno.
No século XIX, o nome "Andaraí Grande" foi deixado de lado, dando origem aos bairros de Vila Isabel no anod de 1873), Aldeia Campista e Grajaú em 1912.
A Tijuca, Vale e Montanhas
Recomento ver o vídeo, História da Tijuca, onde são vistas imagens de 1820, 1825 e fotos atuais do Bairro da Tijuca. Para ver clique sobre o link a seguir História da Tijuca ou sobre a imagem abaixo.
Acima vista do Engenho Velho e Montanhas da Tijuca em 1820, por Henry Chamberlain. Clique sobre a imagem para ver o vídeo.
Pontos de destaque do Engenho Velho
O vale do Engenho Velho, possuia alguns pontos de destaque. Além das montanhas que vemos do lado direito e os picos da Tijuca que vemos ao fundo, destacava-se no centro a Igreja de São Francisco Xavier, construída pela primeira vez em 1583, pelos Jesuitos tendo à sua frente o Padre Anchieta, que atualmente é Santo.
A Pedra da Babylonia também já foi muito marcante na paisagem, quando a área era predominantemente ruaral e se destacava no vale. Na imagem acima, a Pedra é vista do lado direito.
O Rio Trapicheiro e Rio Maracanã corriam em toda a sua extensão a céu aberto, e com suas aguás limpidas irrigavam o vale.
Bairro de Grandes Proporções
A Tijuca, juntamente com o Bairro de Santa Teresa, é um dos maiores bairros do Rio de Janeiro, sendo tão grande que chega a ter caracteristicas distintas com denominações diversas, começando no final do bairro do Estácio, na parte mais baixa e seguindo em direção à Praça Sans Pena através da Rua Hadock Lobo e depois Conde de Bonfim, e indo mais além até atingir o maciço da Tijuca, cuja altura máxima atinge 1.021 metros de altura, ponto este representado pelo chamado Pico da Tijuca que é o ponto mais alto do Rio de Janeiro.
A Tijuca também tem como região fronteiriça a área da Praça da Bandeira, de onde parte a Rua Mariz e Barros em direção à Praça Sans Pena, ponto mais central do Bairro.
Entretanto um dos recantos mais belos que ainda preserva uma beleza natural incrível, é o Alto da Boa Vista que históricamente falando faz parte da "Grande Tijuca", mas hoje é um bairro da cidade.
Moradores Famosos no Século 19 e Século 20
Durante o Império, no século 19, muitos portadores de títulos de nobreza possuiam chácaras e propriedades na região. O Duque de Caxias foi morador do local onde mantinha uma chácara e foi benfeitor e ajudou a reformar a Igreja da São Francisco Xavier do Engenho Velho.
Mudando de século, talvez a Tijuca seja o bairro de onde sairam mais moradores famosos do Rio de Janeiro no século 20. Citar todos daria uma lista enorme, e aqui vou me ater à apenas um grupo que se tornariam famosos na múscia brasileira na segunda metade do século 20.
Na parte baixa da Tijuca, próximo ao início da Rua Hadock Lobo, um grupo de jovens amigos se reunia para conversar na rua e em bares de alguma esquina da região.
Entre estes jovens estavam Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Tim Maia e Jorge Ben, que posteriormente se tornariam músicos famosos, cada um com sua própria identidade músical, dando origem a movimentos e correntes. Em função da fama e notoriedade destes nomes, certamente mais comentários são dispensáveis.