Rio Comprido, Bairro do Rio
O Rio Comprido é um antigo bairro de classe média do Rio de Janeiro, que sofreu muito com algumas intervenções urbanas de mal gosto. Entretanto, é um bairro que possui uma interessante história, locais agradáveis e resiste à agruras provocadas por um viaduto.
Origens e resenha histórica do bairro
O Rio Comprido é um bairro localizado entre os morros de Santos Rodrigues e o prolongamento ocidental do Morro de Santa Teresa, tendo como bairro vizinho o Catumbi, que no século 19 era ligado por uma estrada de terra por onde passavam carroças e cavaleiros.
No bairro vizinho, residiam importantes personagens, em casas e sobrados, algumas cercadas por amplos jardins, outras com pomares e chácaras.
O nome do bairro se deve ao pequeno rio que por ele passa, chamado Rio Comprido, que desce a Serra da Tijuca e desagua no Canal do Mangue, canal este restaurado na segunda metade do século 19 e concluído em 1903. Como referência, pode-se dizer que, o rio corria atrás do quintais da Rua Aristides Lobo.
Apenas como curiosidade histórica, pode-se dizer que, no ano de 1808, de acordo com disposição do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, a cidade tinha como limites, de um lado, o Rio das Laranjeiras, do outrolado Rio Comprido e, finalmente, o mar.
No bairro do Rio Comprido já esteve instalado o Quarte General do Exécito ao tempo de D.João VI, muitos comerciantes Ingleses e titulares do Império no século 19 possuiam propriedades no local.
Morada de Titulares do Império e Ingleses no século 19
Os Ingleses tinham preferência por Botafogo, Alto da Boa Vista e também o Rio Comprido. Naquela época alguns Ingleses possuiam casas no bairro ou moravam em pensões de propriedade de compatriotas Ingleses. Geralmente estas e residências eram cercadas de amplos jardins.
Entre os que ostentavam títulos, o Visconde de Jequitinhonha possuia uma chácara na Rua Aristides Lobo, tendo o pequeno Rio Comprido correndo suas águas ao fundo de seus quintais.
O Conde de Estrela, possuia um Solar no Largo do Rio Comprido e foi em suas terras que foi aberta a Rua da Estrela. Entretanto, a casa mais famosa do bairro era a Casa do Bispo que ainda existe nos dias de hoje, e está descrita mais abaixo. A Rua Barão de Itapagipe já se chamou Rua Bela Vista, e era a rua mais longa do bairro. Nesta rua o Barão de Itapagipe, um Marechal nascido em Portugal, possuía uma chácara e daí vem a origem do nome posterior da rua. Na mesma rua morava também o Conde de Sucena, comerciante e proprietário de artigos religiosos, num solar, num local onde nos dias de hoje fica o Hospital da Aeronáutica.
Roberto Jorge Haddock Lobo, famoso médico, político e homem público no Brasil, mas nascido em Portugal, possuía uma chácara que situava-se entre a parte inicial da Rua Barão de Itapagipe e a Rua da Estrela. Existe uma em sua homenagem, a Rua Haddock Lobo que corta parte do bairro do Rio Comprido e se extende também pela Tijuca.
As transformações no Século 20
O bairro do Rio Comprido foi um dos bairros que mais sofreram com os efeitos das intervenções urbanas que chamam de progresso. Até o início dos anos da década de 1970, embora totalmente urbanizado, continuava a ser um bairro agradável de classe média, ainda com muitas residências e situado numa região agradável, de clima razoavelmente ameno e bem localizado. Mas com a abertura do Túnel Rebouças na década de 1960 (em 1967) e com a derradeira construção do elevado Paulo de Frotim, aconteceu a desfiguração e descaracterização de sua mais importante rua de trafego.
Até esta época, a Av. Paulo de Frontim era uma rua arborizada, com bons e belos sobrados e alguns edifícios de apartamento correndo ao longo da avenida, com o rio que corria no canal ao centro dividindo a avenida em duas pistas. Mas com a construção da via elevada por sobre as vias, ao longo de toda a sua extensão, aconteceu a desvalorização em função da sombra sobre a avenida, o inevitável dano estético causado pelo viaduto, e o do barulho ao qual os moradores dos prédios e casas de frente para o viaduto ficaram sujeitos.
O que um dia foi um local agradável de se morar se tornou um refugo ou última opção. Muitas casas térreas e alguns edifícios de poucos andares passaram a ser utilizados por empresas que procuravam um local com aluguel mais barato ou até preço do imóvel desvalorizado para se instalarem. Lá se instalaram empresas de diversos ramos, desde Engenharia até às empresas do setor de segurança privada que ocupam muitas casas como sede. Outras edificações se encontram atualmente, pelo menos no ano 2010 invadidas e abandonadas.
A justificativa para tal "abuso" foi facilitar o acesso ao Túnel Rebouças, tunel este que liga a Zona Norte, o Rio Comprido e bairros adjascentes á Zona Sul desembocando na Lagoa Rodrigo de Freitas.
A Casa do Bispo no Rio Comprido
É nesta avenida que situa-se também a Casa do Bispo, uma das mais belas e bem conservadas relíquias da arquitetura do período colonial. A "Casa do Bispo" assim é chamada por ter sua origem proveniente de uma doação particular, ocorrida no ano de 1762, ao Bispo D.Frei Antônio do Desterro. No mesmo local foi instalado o Seminário Espiscopal de S.José.
A Casa do Bispo aparece em muitas gravuras, telas e litografias de inúmeros artistas que visitaram o Brasil ou aqui moraram no século 19. O desenho que se vê em parte da animação/ilustração no cabeçario da página, é de autoria de Benjamin Mary, e foi feita no ano de 1836. Debret também documentou a Casa do Bispo em seu livro de memórias e relatos históricos.
Esta antiga, imponente e respeitável construção está magnificamente localizada muitos metros acima do nível da avenida que se chama Paulo de Frontin.
Instituições e locais de destaque no bairro do Rio Comprido
Entre as instituições, empresas e locais de destaque do bairro pode-se enumar na Rua do Bispo o Hospital Casa de Portugal e também a maior unidade da Universidade Estácio de Sá.
Um dos mais famosos colégios do Rio de Janeiro, o Colégio de Aplicação da UERJ também situa-se no Rio Comprido, assim como a Fundação Roberto Marinho e o Inmetro.