Laranjeiras, Bairro do Rio de Janeiro
O bairro das Laranjeiras é um dos mais aprazíveis da Cidade do Rio de Janeiro. Ainda conserva ruas de clima ameno e bastante arborizadas. No passado já foi chamado de "Vale das Laranjeiras", e ali casarões com ajardinados e muitas chácaras.
Como era verde e doce o Vale da Laranjeiras
Muitos bairros agradáveis e aprazíveis existem na Cidade do Rio de Janeiro. E o bairro das Laranjeiras é um dos que, apesar da especulação imobiliária, ainda conservam algumas caracteristicas admiradas pelos antigos cariocas, como muito verde e temperaturas amenas.
Exceto os preservados, não existem mais os casarões cercados de jardins e as chácaras que em um tempo passado, quando existi um estilo de vida bastante do atual, davam tanto encanto e conforto aos moradores do Rio de outrora.
Mas o bairro das Laranjeiras dos dias de hoje, mesmo tendo sido bastante "verticalizado" por edifícios de apartamentos que predominam no bairro, ainda conserva muitas caracteristicas peculiares, como ruas bem arborizadas e sombreadas, providenciando um clima fresco e agradável, mesmo nas ruas de tráfego intenso do bairro.
Laranjeiras em 1835
Pelo Vale das Laranjeiras corria um rio chamado Carioca
Naquele belo vale, com muitos terrenos terrenos cobertos por vegetação densa e abundante descia a céu aberto, em curso livre e demarcado somente pela natureza, o Rio Carioca, um rio outrora muito conhecido e de importância crucial para história e desenvolvimento da cidade. O Rio Carioca, era também chamado de Rio do Catete (do mato espesso), ou Rio das Caboclas, e também chamdado de Rio das Laranjeiras. Após descer por estas ruas, e passar pelas proximidades do Largo do Machado e Praça José de Alencar, este tinha como foz a Praia do Flamengo.
Este belo rio, cujas corredeiras umidificavam o ar e enfeitavam o cenário, hoje se encontra praticamente todo canalizado e abobadado, ou seja, corre em dutos subterrâneos, sob as Ruas Cosme Velho e Rua das Laranjeira, cercado de arranha-céus.
A visão de progresso de cada época faz cometer equívocos, e certamente, se pudessem voltar ao tempo, pensando em sustentabilidade, tal heresia não teria sido cometida contra um santuário da natureza. Certamente melhor teria sido, que tivessem aberto as ruas em duas mãos de cada lado, ao longo do Rio, permitindo que o mesmo corresse a céu aberto com suas margens livres, preservando um pouco do curso e margens naturais. E que se tivesse criado meios de evitar a solução de saneamento poluidora tida como correta ao longo do século 20, quando os esgotos eram naturalmente despejados nos rios.
Bairro de Residêncial e Privilegiado
O bairro sempre foi um local requisitado e privilegiado, com belas casas, assim como eram também os bairros de suas imediações, tais quais o Catete, Flamengo, Botafogo e Santa Teresa. Seria o equivalmente na Zona Sul do Rio à Tijuca e Alto da Boa Vista no século 19, também afastados do centro da cidade.
Os mais abastados de tempos passados, mantinham chácaras e casas de campo para fugir do calor, burburinho e desconforto do antigo centro da cidade, que no tempo do império era marcado por ruas muito estreitas e fétidas, com pouca ventilação e sem o necessário asseio.
Nobres e homens de grandes posses o escolhiam as Laranjeiras para ali construir suas casas ajardinadas, palacetes e mansões, ou mesmo grandes palácios como o "Palácio da Guanabara", atual sede de despacho do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que originalmente foi construído por um homem de muitas posses no tempo do império, e posteriormente vendido ao Conde D´Eu, esposo da Princesa Isabel.
Outro grande palácio foi construído construído no meio de grandes jardins foi o "Palácio da Laranjeiras", antiga propriedade da família Guinle, construído pelo fundador do Hotel Copacabana Palace, também possuidor de outro grande Hotel na Avenida Central (atual Av Rio Branco) e também proprietário de grandes negócios relativos aos portos e navegações. O Palácio das Laranjeiras abriga hoje a residência oficial do Governador do Rio de Janeiro, e parte de seus antigos jardins se tornaram um parque público, conhecido como "Parque Guinle", cujos portões ao estilo das grandes mansões e palacetes europeus ainda ostenta as iniciais do magnata e causa admiração, mostrando um estilo sobrio e elegante, com uma certa ostentação, pertencente à uma época que hoje não existe mais.
O Vale do Rio Carioca
O que é hoje o bairro das Laranjeiras, faz parte do antigo e grande vale do Rio Carioca. Este vale tinha por limites o Morro da Viuva (quase escondido pelos edifícios de apartamentos que o cercam no Flamengo), os Morros do Bastos, do Conde d´Eu, o costão das montanhas das Laranjeiras, o Corcovado, o Morro Dona Marta, a Pedreira da Glória, o Morro do Quintanilha, da Candelária, do Pinheiro, do Dentista Carvalho, do Morro da Glória, do Barão de Monteserrate, terminando no Morro do Sisson.
Do Vale das Laranjeiras ao Bairro das Laranjeiras
Tudo leva a crer, de acordo com os livros que falam sobre o local, que muitos do povoadores ou moradores do arrabalde ou povoado, cultivavam laranjeiras. Portanto, não é nem um pouco difícil inferir de onde vem o nome, do antigo "Vale das Laranjeiras" e do povoado que tornou-se o "Bairro das Laranjeiras".
O antigo povoado ou arrabalde, assim como o rio Carioca, descia até a praia do Flamengo. Somente depois da abertura do caminho novo para Botafogo, agora Rua do Catete, e também do aterro da lagoa onde hoje é o Largo do Machado que o bairro ficou delimitado como em sua forma atual.
Moradores, Fatos, Ruas e Moradas que Fizeram História
A história do bairro e alguns pontos de interesse do mesmo foi cunhada por moradores que tiveram importância em diferentes épocas, e la construiram suas moradas.
Principais Ruas
As duas ruas mais famosas ruas do bairro são a Rua Pinheiro Machado onde situa-se o Palácio Guanabara e a Rua das Laranjeiras. Em tempos passados tentou-se mudar o nome da Rua das Laranjeiras e rebatiza-la de Almirante Delamare, mas o esforço foi em vão. O nome já tradicional resistiu à mudança, já que continuava conhecida popularmente como Rua das Laranjeiras.
Residências, Masões e Palácios
Um dos moradores de destaque no bairro, ainda no século 19, foi Domingos Francisco de Araújo Roso, que possuiu uma grande chácara no local hoje chamado Bairro das Laranjeiras. A propriedade era chamada de "Chácara do Roso" e era também considerada a mais bela chácara de rua do local ou talvez do Rio de Janeiro, e situava-se na Rua Guanabara, hoje chamada de Rua Pinheiro Machado. Este proprietário chegou a ter uma rua no bairro com seu nome, rua esta que atualmente é chamada Coelho Netto.
O Palácio Guanabara é uma das duas ou três mais imponentes construções do bairro, começou a ser construído em 1853, por um muito bem sucedido comerciante, cujo nome era José Domingos Coelho. O palácio foi erguido na propriedade até então conhecida como "Chacara do Rozo", citado mais acima. O palácio foi projetado em estilo néo-clássico, seguindo e estilo em voga naquela época. Pouco tempo depois, no ano de 1865, o governo do império comprou o palacete, com intuito de ser a residência da sucessora ao trono, a Princesa Isabel que havia se casado recentemente com o Conde D'Eu. Após passar por uma reforma, ao palácio foi dado o nome de Paço Isabel.
Após a Proclamação da República, o novo governo confiscou o palácio, e passou a utiliza-lo para hospedar pessoas ilustres e chefes de estado estrangeiros. Posteriormente passou a ser a sede de despacho do Governador do Rio de Janeiro.
Outro famoso morador, foi Eduardo Guinle, contrutor e possuidor de um palácio cercado por grandes jardins, onde hoje é o Parque Guinle. O palácio, hoje conhecido como Palácio das Laranjeiras, é a residência oficial do Governador do Estado do Rio de Janeiro.
Resenha Histórica e Visão Atual do Bairro
Tanto o bairro de Laranjeiras como o Cosme Velho, vieram de povoados que se desenvolveram às margens do Rio Carioca, sendo o Cosme Velho situado nas partes mais altas.
A origem das primeiras ocupações pelos portugueses vem de meados do século 16, mais precisamente desde 1567, quando as terras foram doadas através de sesmarias, onde foram abertas roças, construídas algumas casas de morada, e também um moinho de vento para beneficiar os cereais provenientes das colheitas.
Já no século 17 surgiram os primeiros trabalhos de captação das águas do Rio Carioca para abastecer a cidade. Desde a fundação da cidade, e ao longo dos séculos que se sucederam, o Rio teve fundamental importância no abastecimento de água potável da Cidade.
A ocupação da região foi gradativa, e posteriormente passaram a surgir chácaras simples e rústicas, assim como chácaras com benfeitorias e grandes casarões de nobres e homens de grandes posses, já então se utilizando do trabalho escravo para mão de obra.
A transformação de maior impacto na região se deu em 1880 com a instalação da Companhia de Fiações e Tecidos Aliança. Instalada na Rua General Glicério, mais para o lado do Cosme Velho, entretanto perto da atual divisa com bairro das Laranjeiras, causou o surgimento dos primeiros comerciantes na região.
Esta fábrica do setor fabril, seguiu funcionando até o ano de 1938, e em decorrência da mesma, apareceram na região algumas vilas operárias. Com o fechamento da fábrica, os operários se deslocaram para outras regiões nos subúrbios do Rio na Zona Norte, e a região do Cosme Velho começou a se elitizar.
Os bondes elétricos que circulavam pelo bairro do Cosme Velho e Laranjeiras foram instalados pela Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico e chegavam até perto da atual Estação de Trem do Corcovado.
O Cosme Velho se mantem menos verticalizado quanto às habitações do que o bairro de Laranjeiras. Embora existam condomínios de apartamentos no Cosme, no local ainda existem muitas ruas com grandes casarões e ricas mansões. Ainda nesta época em 2011 continua a ser um bairro seletivo, um bairro com ruas de endereço nobre e mais elitizado, onde moram muitas pessoas de altas posses.
O bairro de Laranjeiras se tornou bem mais verticalizado, com predominância de edifícios de apartamentos de classe média e média alta, sendo considerado um ótimo bairro e com boa qualidade de vida, embora fora dos holofotes que vendem o Rio com o carimbo típico do "Ipanema way of life". Geralmente o morador de Laranjeiras é mais tranquilo quanto às aparências e menos aficcionado pelo mar, assim como é também menos deslumbrado pelas ostentações dos modismos de beira mar.
A construção e abertura do Túnel Santa Bárbara ocorrida em 1961 como não poderia deixar de ser, tornou a rua Pinheiro Guimarães em uma importante e movimentada via de tráfego ligando à Zona Norte e Centro à Zona Sul. E um viaduto construído perto deste túnel, na altura da rua das Laranjeiras contribuiu mais ainda para o movimento do bairro como via de passagem.
Por um lado o impacto destas obras foi negativo sob o ponto de vista de poluição e de ruído. Em contrapartida, para a especulação imobiliária, e sob a ótica da classe média, provocou a valorização dos terrenos, e a construção de mais e mais prédios de apartamentos em Laranjeiras.
Atrações de Interesse Histórico, Cultural e Turístico
Entre as atrações consideradas de interesse histórico, cultural e turistico situadas no Bairro das Laranjeiras, estão algumas enumeradas à seguir:
Palacio da Guanabara
Instituto dos Surdos do Brasil ou Instituto Nacional de Educação de Surdos
Sede do Fluminense
Casario de valor histórico, artísitico e cultural, destacando-se as chamadas "Casas Casadas".
Parque Guinle
Mercadinho São José