Alto da Boa Vista
O Alto da Boa Vista, como o própio nome indica, é um bairro situado em uma serra do Rio, local de muitos casarões e mansões.
Desde o início do século 19 o bairro era procurado pelos que preferiam um local com clima ameno, e longe do burburiho da cidade.
História e Cenários Pitorescos
O Alto da Boa Vista é um dos recantos mais pitorescos e mais apreciados por pessoas de bom gosto e que procuravam um clima serrano dentro da cidade do Rio de Janeiro.
O nome Alto da Boa Vista não vem por acaso, pois de lá se descortinam belos cenários da cidade. O alto da Boa Vista faz parte do que era chamado "Grande Tijuca" no século 19, e situa-se na Serra Tijucana.
Na primeira metade do século 19, na região, existiram muitas plantações de café, na verdade grandes fazendas. Estas plantações ocasinaram o desmatamento e devastação da floresta que se extendia pela serra.
Posteriormente, no tempo de D.Pedro II, por volta de 1857, o Ministro do Império do Gabinete Paraná, criou um decreto de desapropriação das terras, para as quais foram transplantadas milhares de espécies vegetais para o local. O replantio da floresta esteve à cargo do Major Manuel Gomes de Archer, nomeado pelo Imperador para cumprir tal missão. E nos dias de hoje, a Floresta da Tijuca é certamente um dos mais belos recantos da cidade do Rio de Janeiro.
Ainda no tempo de D.João VI, o local já motivava os chamados pintores viajantes que estiveram no Brasil, e lá reproduziram belas cenas da paisagem da serra Tijucana. No local estiveram Taunay, Debret e Rugendas, artistas estes, que entre outros ajudaram a formar um maginifíco acervo e documentação pictorica de um tempo do Rio de Janeiro quando ainda não existia a fotografia.
Muitos destes artistas viajantes registraram e imortalizaram momentos e vistas extasiantes que viram de locais como a Mesa do Imperador, a Vista Chinesa, Capela Mayrink, a Gruta Paulo e Virginia, a Cascatinha e as Furnas. Para chegar à estes locais deve passar pelo Alto da Boa Vista.
Rio visto do Alto da Boa Vista em 1855 | Vemos Tijuca e areas ao redor
Na segunda metade do século 19, durante o segundo reinado, encontravam-se no local muitas casas de estrangeiros e Ingleses, devido ao clima e por ficar afastado do centro da cidade onde frequentemente ocorriam epidemias. O refúgio nas partes altas e entre as matas propicia temperaturas mais baixas. Assim afastavam-se do calor do centro da cidade, e também do receio dos recorrentes e periódicos surtos de febre amarela.
O acesso ao Alto da Boa Vista foi muito facilitado com a reconstrução e alargamento da Av. Tijuca. No local são vistas belíssimas e vistosas residências, e como não poderia deixar de ser, cercadas de densa e bela vegetação, o que é uma das caracteristicas do bairro.
As florestas, bem como a possibilidade de conseguir grandes terrenos, principalmente em tempos passados, estimularam o surgimento de chácaras como também a construção de grandes casarões e vistosas mansões.
Moradores Ilustres
Entre os mais ilustres moradores do bairro no tempo do segundo reinado ou segunda metade do século 19, destaca-se o romancista José de Alencar, um dos maiores louvadores do local.
Entre os estrangeiros que lá moraram, também no século 19, está o pintor Nicolay A. Taunay e sua família, que residiram em uma modesta casa perto da Cascatinha.
No século 20, muitas grandes casas e mansões foram construídas, sendo que nas décadas de 1960 e de 1970 a procura pelo bairro atingiu o auge. Além da alta classe média, muitos magnatas cariocas lá residiram.
Até 2010, a legislação de ocupação do solo, não permitia construções em terrenos de menos de 10 mil metros quadrados.
Moradores Não Muito Ilustres
Nas últimas duas décadas do século 20, o bairro sofreu um certo declínio, pois alguns moradores abastados ou talvez herdeiros que já não podiam mais arcar com o fausto de épocas passadas, colocaram muitas mansões à venda. Muitas mansões foram transformadas em casas de festas, alugadas para festas de casamentos e eventos.
A saída de alguns moradores ainda abastados talvez se deva ao fato da insegurança que durante as 2 últimas décadas assolaram o Rio, e possuir uma mansão em local distante e isolado exigia um esquema de segurança dispendioso e às vezes ineficiente.
O surgimento de novos bairros nas proximidades, como a Barra da Tijuca que inspira um estilo de vida diferente para as novas gerações, associado á uma infra-estrutura comércio e segurança mais adequada para a alta classe média e classe alta pode ter ajudado o esvaziamento do bairro.
Por fim, ocupações irregulares de algumas encostas, popularmente chamadas de favelas também contribuiram para alguma desvalorização dos imóveis e perda de prestígio do bairro por parte dos mais abastados. Entretanto, este processo de ocupações irregulares ainda é pequeno.
Estradas Pitorescas e Sinuosas Levam ao Bairro
Muitas sinuosas e belas estradas dão acesso ao bairro, sendo o percursso por algumas destas estradas, por sí só uma atração.
Se quem vai para o Alto vier do centro da cidade, pode vir por Santa Teresa ou pela Estrada do Sumaré.
Para quem tem como ponto de partida a Zona Norte, saindo da Tijuca e Usina, o acesso pode ser feito pela avenida Edson Passos.
Outro caminho para chegar ao Alto, por parte de quem vem da Zona Sul por São Conrado é pela Estrada das Canoas e também pela Estrada da Gávea Pequena.
Para quem vem do Jardim Botânico, bairro da Zona Sul, pode-se pegar a Estrada do Horto.
O Alto também pode ser alcançado pela antiga Estrada de Furnas por parte de quem vem do Itanhangá e Barra da Tijuca.
Para quem vem do Cosme Velho e Laranjeiras, pode-se pegar a Estrada das Paineiras ou pela rua Amado Nervo que fica próxima à pequena pracinha do Alto.
A Grande Tijuca e o Alto da Boa Vista
O Alto da Boa Vista é considerado parte da Grande Tijuca assim com era conhecido em tempos passados, inclusive no século 19. Hoje em dia, o bairro continua à pertencer à 8ª Região Administrativa, juntamente com o Maracanã e bairro da Tijuca propriamente dito. Entretanto, a população do bairro é relativamente pequena por volta de 2010, estimando-se 20 mil habitantes.
Clima de Montanha
Devido ao fato de estar situado em uma parte alta da cidade, em uma serra, e também cercado pela Mata Atlântica, o bairro apresenta as mais baixas temperaturas da cidade, seja em que época do ano estiver. No bairro não é incomum as temperaturas cairem para abaixo dos 10 graus em dias frios. Mas precisamente falando, o bairro localiza-se na parte superior de um maciço entre a zona sul, zona norte e zona oeste.
A Floresta da Tijuca ou Parque Nacional da Tijuca se extende por parte das terras do bairro. O verde das montanhas, densa vegetação, e estradas sinuosas é uma de suas caracteristicas. Por ser uma parte alta de onde se inciam pequenos rios e córregos, e por não ser densamente habitado, o bairro ainda possui rios de águas límpidas. Certamente é um dos ultimos locais ou bairros da cidade que ainda guardam esta preciosidade.
Atrações do Bairro
Ao contrário de alguns bairros cuja atração são as praias, o Alto da Boa Vista apresenta um tipo de atrativo diferente. Localizado na Serra Tijucana em região de densa vegetação, e tendo a Floresta da Tijuca ocupando parte do bairro, o cenário é bem diferente.
O local é cercado de belas paisagens, com florestas e também belas vistas para o litoral e mar. Fazem parte do cenário praças com belas paisagens, riachos e algumas pitorescas cachoeiras. Geralmente destes recantos é possível contemplar silvestres, encontrar e colher frutos na mata.
A Floresta da Tijuca, que ocupa parte do bairro é também um de seus encantos, juntamente com os casarões e mansões que formam um atrativo à parte. Um antigo casarão, quem vem do início do século 20, é hoje o Museu do Açude, que pode ser visitado. O local, a casa, as cercanias e a piscina do Museu do Açude formam um cenário cinematográfico, e já foi bastante usado pela Rede Globo para gravação de cenas de novelas, principalmente quando se necessita de um cenário belo e suntuoso.